A fabricante de papel para embalagens e celulose Klabin teve lucro líquido de R$ 446 milhões no primeiro trimestre, recuo de 3% ante o resultado apurado um ano antes, em um desempenho operacional dentro do esperado pelo mercado.

A companhia teve lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de R$1,86 bilhão de janeiro ao final de março, avanço anual de 13%, com a margem passando de 37% para 38%.

A receita líquida somou R$ 4,86 bilhões, crescendo 10% na mesma comparação.

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Analistas, em média, esperavam Ebitda de R$ 1,84 bilhão sob faturamento líquido de R$ 4,89 bilhões, segundo dados da Lseg.

O custo caixa total foi de R$ 3,0 bilhões no 1T25, 9% superior ao mesmo período do ano passado.

Já o custo caixa de produção de celulose no trimestre foi de R$ 1.268 por tonelada, em linha com o 1T24.

O volume total de produção de celulose e papéis foi de 1.043 mil de toneladas no 1T25, redução de 1% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.

No trimestre, o volume total de produção de celulose foi de 365 mil toneladas, uma redução de 4% versus o 1T24, explicada por eventos não recorrentes de parada para manutenção. As atividades foram retomadas e a fábrica opera normalmente. A produção de papéis, por sua vez, foi de 678 mil toneladas no trimestre, crescimento de 1% em comparação com o 1T24, favorecido pelo ramp-up da MP27 e MP28. Vale ressaltar que este trimestre não houve paradas geral de manutenção nas plantas de papéis.

No 1T25, o volume total de vendas (ex-madeira) foi de 906 mil toneladas, uma retração de 2% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Em papéis, o volume de vendas no 1T25 foi de 311 mil toneladas, um aumento de 2% quando comparado ao 1T24, favorecido pelo incremento dos volumes de venda de kraftliner nos mercados interno e externo, compensando a redução do volume de vendas no mercado de cartões no período.

Em embalagens, o volume de vendas de papelão ondulado no 1T25 foi de 216 mil toneladas, em linha com o 1T24 (Empapel: redução 0,7%). Já em m², o volume apresentou crescimento de 1,6% (Empapel: redução de 0,1%). No segmento de sacos, o trimestre foi marcado pelo aumento de vendas no mercado interno, com crescimento do despacho de cimento no Brasil, mesmo considerando a sazonalidade do período.

O custo dos produtos vendidos (CPV) foi de R$ 2,3 bilhões no 1T25, 8% superior ao 1T24, explicado pelo incremento advindo dos custos variáveis, resultado do aumento dos preços de químicos, especialmente soda cáustica; maior consumo de químicos e combustíveis devido às paradas não recorrentes para manutenção; e aumento do preço de aparas. O incremento na linha de “Outros” se deve a maiores gastos operacionais relacionados a menor produção e maiores despesas com armazenagem. Vale ressaltar que o CPV também reflete o incremento trazido pela inflação e desvalorização do dólar frente ao real no período.

O Fluxo de Caixa Livre encerrou o primeiro trimestre com geração de R$ 492 milhões, R$ 946 milhões superior ao 1T24. Esse desempenho reflete o maior resultado operacional, o menor desembolso de CAPEX e as iniciativas de eficiência em capital de giro, que mais do que compensaram o aumento no valor dos juros efetivamente pagos, impactado principalmente pela valorização do dólar frente ao real entre os períodos analisados, além do maior saldo de dívida no período.

Nos últimos doze meses, o Fluxo de Caixa Livre Ajustado somou R$ 3,6 bilhões, equivalente a um free cash flow yield de 14,0%, +3,7 p.p. versus mesmo período do ano anterior.

O retorno consolidado da Klabin, medido pela métrica de Return on Invested Capital (ROIC), foi de 10,7% no 1T25, aumento de 1,0 p.p. na comparação com o mesmo período do ano anterior, impulsionado principalmente pela expansão do EBITDA Ajustado, que somou R$ 7,5 bilhões no período.

As despesas com vendas somaram R$ 375 milhões no 1T25, um aumento de 9% quando comparado ao 1T24, explicado pelo incremento das despesas de frete, devido ao maior volume de vendas para o mercado externo (+10% YoY). Quando analisado em proporção à receita líquida, as despesas com vendas foram equivalentes a 7,7% da receita líquida, em linha com o apresentado no 1T24.

As despesas gerais e administrativas totalizaram R$ 297 milhões no 1T25, aumento de 16% na comparação com o mesmo período do ano anterior, em razão principalmente de: (i) maior gasto com remuneração variável; (ii) incremento em gastos com TI, em função do reajuste de contratos dolarizados e aumento de escopo (Projeto Figueira e Caetê); e (iii) consultorias estratégicas.

No 1T25, a Klabin investiu R$ 605 milhões em suas operações, uma redução de 35% versus o 1T24 diante da conclusão de projetos de expansão e da diligente gestão de investimentos, com previsibilidade e disciplina na alocação de capital.

A relação Dívida Líquida/EBITDA Ajustado medida em dólares, que melhor reflete o perfil de alavancagem financeira da Klabin, encerrou o 1T25 em 3,9x, em linha com o trimestre anterior e dentro dos parâmetros estabelecidos na Política de Endividamento Financeiro da Companhia, aprovada em 29 de outubro de 2024

Os resultados da Klabin (BOV:KLBN11) referentes às suas operações do primeiro trimestre de 2025 foram divulgados no dia 06/05/2025.

VISÃO DO MERCADO

A fabricante de papel e celulose Klabin reportou na manhã desta quarta-feira (7) seus números do primeiro trimestre de 2025 (1T25), com Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 1,86 bilhão, alta de 2% em relação ao trimestre anterior, 3% acima das estimativas do BBA e 5% acima do consenso. Às 12h54, o papel da empresa subia 2,41%, cotada a R$ 19,13.

Segundo BBA, o desempenho foi impulsionado pelos resultados mais fortes da unidade de celulose, devido a volumes de vendas acima do esperado. A geração de fluxo de caixa livre (FCF) foi um destaque positivo, atingindo R$ 492 milhões, recuperando-se de um resultado negativo no 4T24.

Já a alavancagem financeira (em dólares americanos) permaneceu estável em 3,9 vez, com os impactos positivos da forte geração de fluxo de caixa livre e os R$ 800 milhões recebidos da primeira tranche da venda do Plateau sendo compensados ​​por um menor EBITDA em dólares americanos.

O Itaú BBA manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 28.

A XP Investimentos explica que os sólidos resultados do 1T25 foram impulsionados por um desempenho de preços mais forte do que o esperado (e duradouro) na divisão de papel e embalagens da companhia.

O time de análise da XP acredita que o portfólio diversificado da Klabin mitiga parcialmente os riscos de preços potencialmente mais baixos de celulose no curto prazo. Além disso, com o apoio dos projetos Caetê/Plateau e o ramp-up de linhas não maduras, a corretora que a redução da alavancagem e a expansão do EBITDA impulsionem uma valorização no equity. Com isso, a XP reitera recomendação de Compra na Klabin.

 

O Goldman Sachs, por sua vez, destaca que o Ebitda acima das expectativas ocorre após revisões negativas recentes nas estimativas trimestrais e inclui uma contribuição relevante da venda de madeira em tora, cuja sustentabilidade ainda é incerta. A performance da celulose decepcionou (em volume, custo e preços impactados por efeitos de carregamento), enquanto a rentabilidade do segmento de papel surpreendeu positivamente.

De acordo com Goldman, a área de celulose ficou aquém das expectativas devido à produção mais fraca (parada não planejada) e consequentes custos mais altos.

Para o banco americano, a rentabilidade no segmento de papel foi o principal destaque positivo, com custos 6% abaixo das estimativas (ajustados pela receita com venda de madeira) e volumes de vendas resilientes, mesmo diante de um cenário macroeconômico desafiador.

O Goldman Sachs manteve recomendação neutra e preço-alvo de R$ 21.

Já o Bradesco BBI continua prevendo um arrefecimento da atividade doméstica, o que provavelmente impactará os volumes nos segmentos de papel e embalagens.

Em relação à avaliação, o BBI vê as ações da Klabin sendo negociadas a um preço bem definido de 6,7 vezes Valor da Firma (EV)/EBITDA para 2025, com espaço limitado para uma reavaliação. Em suma, o banco reiterou sua abordagem seletiva para o setor de Papel e Celulose na América Latina, preferindo a Suzano (SUZB3; recomendação de compra) à Klabin, com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 24.

O Morgan Stanley classificou os resultados da Klabin como sólidos no primeiro trimestre, em função de melhores resultados operacionais, juntamente com a liberação de capital de giro.

O Morgan reiterou recomendação de compra com preço-alvo de R$ 28.

* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão