Em meio a uma dinâmica de oferta e demanda (S&D) mais desafiadora para o minério de ferro, e com alto risco de execução no plano de expansão da companhia, o Morgan Stanley rebaixou a recomendação para ações da CSN Mineração de equal-weight (exposição igual a média do mercado, equivalente à neutro) para underweight (exposição abaixo da média do mercado, equivalente à venda), reduzindo o preço-alvo de R$ 6,20 para R$ 5,30. Às 10h51, o papel da mineradora caía 3,80% a R$ 5,31.
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O Morgan Stanley destaca o alto risco de execução associado ao plano de expansão da companhia. O principal projeto da companhia, a mina Itabirito P15, que deverá adicionar 16,5 milhões de toneladas por ano com teor de ferro de 67%, teve seu início de operação adiado por quatro anos consecutivos, passando de 2023 para o quarto trimestre de 2027.
De acordo com analistas, existem um risco crescente de que o projeto não seja entregue dentro do prazo e orçamento previstos, o que poderia impactar negativamente os resultados em relação ao cenário base atual.
Em relação ao fluxo de caixa, os acordos de pré-pagamento firmados pela empresa representam um entrave. Atualmente, há sete contratos ativos, totalizando aproximadamente 55,1 Mt a serem entregues até o 4º trimestre de 2029, com pré-pagamentos que somam US$ 2,4 bilhões.
À medida que os contratos são cumpridos, os passivos correspondentes devem ser amortizados, consumindo capital de giro. Embora esses contratos garantam liquidez imediata, eles reduzem a conversão do EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) em fluxo de caixa livre ao longo do tempo. O Morgan Stanley projeta rendimento médio negativo de fluxo de caixa livre de 9% para o período 2025 a 2027, assumindo que não haja novos acordos de pré-pagamento.
As projeções revisadas indicam um EBITDA de R$ 1,63 bilhão para o 2T25, representando uma queda de 3,8% em relação à estimativa anterior; R$ 6,41 bilhões para 2025 (-9,0%); R$ 7,00 bilhões para 2026 (-15,5%); R$ 6,86 bilhões para 2027 (-16,3%); e R$ 12,10 bilhões para 2028e (-13,3%). As novas estimativas para o lucro por ação normalizado (EPS) são de R$ 0,10 no 2T25, R$ 0,24 em 2025, R$ 0,27 em 2026, R$ 0,19 em 2027 e R$ 0,68 em 2028.
Apesar de estimativas acima do consenso, a ação da CSN Mineração (BOV:CMIN3) está sendo negociada a 4,7 vezes Valor da Firma (EV)/EBITDA para 2025, aproximadamente 15% acima de sua média histórica, apresentando rendimento negativo de fluxo de caixa livre, uma consequência dos acordos de pré-pagamento que prejudicam o capital de giro.
Perspectivas para minério de ferro
A equipe de commodities do Morgan Stanley também prevê que o preço do minério de ferro ficará, em média, em US$ 100 por tonelada em 2025 e US$ 95 por tonelada em 2026, contra uma média de US$ 110/t em 2024 e o preço à vista atual de US$ 100/t.
O Morgan atribuit a redução dos preços à um superávit esperado no mercado transoceânico de minério de ferro, que deve alcançar 62 milhões de toneladas (Mt) em 2025, crescendo consecutivamente até 2029, após um déficit aparente de 2 Mt em 2024.
Segundo relatório, essa mudança na dinâmica de S&D decorre da menor demanda, principalmente da China, e de maior oferta, incluindo os 20 Mt adicionais previstos da mina Simandou em 2026.