(17/06/2025):  O ouro sobe 30% em 2025 e supera dólar, iene e franco suíço como principal ativo de refúgio em tempos de incerteza fiscal e geopolítica. Entenda por quê.

Investimento em ouro supera moedas e títulos tradicionais

O ouro conquistou, mais uma vez, o título de principal ativo de refúgio global. Com uma valorização de 30% no acumulado de 2025, o ouro à vista ultrapassou em desempenho outros portos seguros tradicionais, como o iene japonês, o franco suíço e os títulos do Tesouro americano.

Esse movimento reflete a crescente desconfiança dos investidores quanto à sustentabilidade fiscal de grandes economias, além do aumento das tensões geopolíticas em regiões como o Oriente Médio.

Por que o ouro está atraindo os investidores?

Segundo especialistas reunidos na Conferência Anual de Metais Preciosos da Ásia-Pacífico, o ouro se destaca porque não depende de governos, políticas monetárias ou riscos de inadimplência soberana.

“A principal vantagem do ouro é que ele não é responsabilidade de ninguém”, disse Nikos Kavalis, diretor-gerente da Metals Focus.

Enquanto ativos como títulos e moedas estão diretamente vinculados à política econômica de seus países emissores, o ouro possui valor intrínseco e liquidez global, tornando-se especialmente atraente em tempos de incerteza.

Comparativo de desempenho: ouro x outros portos seguros

Veja como o ouro se comportou frente a outros ativos considerados seguros desde o início de 2025:

  • Ouro à vista: +30% (US$ 3.403,09)
  • Franco suíço: +10% frente ao dólar
  • Iene japonês: +8% frente ao dólar
  • Índice do dólar (DXY): -10%
  • Títulos do Tesouro EUA (10 anos): rendimentos caíram 19 pontos-base
  • Títulos do Japão (10 anos): rendimentos subiram 39 pontos-base

Incertezas fiscais e riscos políticos aumentam atratividade do ouro

A reputação do dólar americano e dos títulos do Tesouro como porto seguro foi abalada após:

  • Tarifas “recíprocas” impostas por Donald Trump;
  • Rebaixamento da nota de crédito dos EUA pela Moody’s;
  • Proposta de lei tributária que amplia o déficit fiscal;
  • Volatilidade nas taxas dos títulos de 30 anos, que ultrapassaram 5%.

“O ouro não sofre com dívidas elevadas, déficits fiscais ou decisões políticas erráticas”, afirmou Nicholas Frappell, da ABC Refinery.

Bancos centrais impulsionam demanda por ouro

O Conselho Mundial do Ouro informou que, em 2024, os bancos centrais compraram 1.044,6 toneladas líquidas de ouro — o terceiro ano seguido acima de 1.000 toneladas.

O Banco Central Europeu destacou que o ouro já representa cerca de 20% das reservas globais, ultrapassando o euro como segundo maior ativo de reserva.

Por que o ouro é o verdadeiro porto seguro?

  • Apolítico e neutro: não depende de políticas de governos.
  • Sem risco de contraparte: não exige confiança em emissor.
  • Oferta limitada naturalmente: escassez física protege seu valor.
  • Alta liquidez: aceito globalmente em qualquer mercado.

“O ouro se diferencia dos outros ativos porque não é moeda fiduciária. Ele está livre de riscos políticos e fiscais”, disse Shaokai Fan, do Conselho Mundial do Ouro.

Com moedas tradicionais enfraquecidas, títulos soberanos pressionados e aumento da incerteza global, o ouro se reafirma como o ativo de proteção preferido por investidores institucionais e bancos centrais em 2025.

 

 

 

 

(cnbc)