A Suzano anunciou a aquisição de 51% do capital social de uma nova empresa criada pela Kimberly-Clark avaliada em US$ 3,4 bilhões (aproximadamente R$ 19,2 bilhões), por meio de sua subsidiária na Holanda, a Suzano International Holding.
O comunicado foi feito pela companhia (BOV:SUZB3) nesta quarta-feira (04).
Book de ofertas: a mais completa do mercado financeiro, acompanhe as ofertas de compra e venda de um ativo e todos os negócios realizados no dia.
O valor da participação na joint venture (JV) é de US$ 1,734 bilhão, equivalente a R$ 9,788 bilhões, a ser pago à vista no fechamento da operação, previsto para meados de 2026, após aprovações regulatórias e reorganização societária da Kimberly-Clark, dona da marca Kleenex.
A nova sociedade reunirá os ativos dos negócios de produtos “tissue” (como papel higiênico, toalhas e guardanapos) da Kimberly-Clark em diversas regiões, incluindo América do Sul, América Central, Europa, África, Oriente Médio, Ásia e Oceania — com exceção de alguns países. A Kimberly-Clark manterá 49% da participação e continuará operando na América do Norte e em outras joint ventures fora do escopo do acordo.
A operação envolve 22 fábricas em 14 países, com capacidade de produção anual de 1 milhão de toneladas e atuação comercial em mais de 70 países. Marcas regionais serão transferidas à nova empresa, e marcas globais serão licenciadas por longo prazo e sem royalties.
A Suzano terá ainda uma opção de compra dos 49% restantes da sociedade, exercível a partir do terceiro ano após o fechamento, ou antes, em certas condições. As empresas firmarão um acordo de joint venture para reger a gestão e operação da nova companhia.
VISÃO DO MERCADO
As ações da empresa de papel e celulose Suzano operam em alta nesta quinta-feira (5) após a companhia anunciar joint venture (JV) de US$ 3,4 bilhões com Kimberly-Clark, dona da Kleenex. Às 12h09, a ação da empresa subia 5,41%, a R$ 52,45.
A Suzano terá 51% do negócio e poderá exercer opção de compra dos 49% restantes da sociedade a partir do terceiro ano após o fechamento.
O Bradesco BBI avaliou o anúncio como positivo, destacando que a transação está alinhada às diretrizes de fusões e aquisições da Suzano e à sua estratégia de longo prazo de expansão para produtos downstream, com o objetivo de diversificar o mix de receitas. O banco ressaltou que a companhia está adquirindo ativos e marcas de tissue de alta qualidade, com posição de liderança em todas as regiões, a uma avaliação considerada atrativa — 6,8 vezes o Valor da Firma (EV)/EBITDA, com potencial de redução para 5,2 vezes considerando as sinergias esperadas.
O BBI também destaca que, com as saídas de caixa da transação previstas para meados de 2026, espera um impacto imaterial na alavancagem, que deve atingir o final de 2026 com confortáveis 2,2 vezes dívida líquida/EBITDA.
Por outro lado, o BBI ponderou que a operação impõe desafios. Entre eles, estão o fato de o negócio abranger uma ampla gama de regiões, como Tailândia e Taiwan, o que eleva os riscos de execução, além da expectativa de que a transação limite a capacidade da Suzano de aumentar a remuneração aos acionistas no curto prazo.
A Ativa Investimentos também avaliou positivamente a operação, destacando que ela foi realizada a múltiplos considerados razoáveis, mantém abertas as possibilidades de alocação futura de capital e representa um movimento estratégico alinhado à visão de longo prazo da companhia.
A corretora ainda ressaltou que a transação permite o avanço da Suzano na cadeia de valor com menor exposição ao risco de preço, além de combinar disciplina financeira com sólida execução industrial e posicionamento comercial consistente.
O Itaú BBA avaliou que a estrutura do acordo reduz os riscos de execução associados à operação da Suzano em diferentes geografias. O banco também destacou de forma positiva o múltiplo EV/EBITDA implícito de 6,7 vezes, considerado baixo para um negócio de tissue.
No entanto, apontou que ainda aguarda mais detalhes sobre dois pontos: (i) os desafios para a Suzano capturar os US$ 175 milhões estimados em sinergias; e (ii) o possível impacto da transação na estratégia da companhia de seguir buscando outras oportunidades de fusões e aquisições.
O BBA manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 63
Setor de papel e celulose
O Itaú BBA atualizou seus modelos para o setor de Celulose e Papel, incorporando uma estimativa mais baixa para o preço médio da celulose de fibra curta em 2025, fixada em US$ 530 por tonelada, além de novas premissas de câmbio e custo de capital. Com isso, reduziu suas projeções de EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) para 2025 em 18% para a Suzano e em 2% para a Klabin. Ainda assim, manteve a recomendação de desempenho superior para ambas as empresas.
A Suzano segue como a principal escolha do banco em sua cobertura de Papel & Celulose na América Latina, mesmo com a revisão mais acentuada nos lucros, por apresentar um rendimento médio de fluxo de caixa livre mais robusto no período de 2025 a 2027 (cerca de 13%) e uma melhor relação risco-retorno, especialmente diante da expectativa de que os preços da celulose estejam próximos de um piso no curto prazo. O preço-alvo estimado é de R$ 63 para a ação da Suzano e de R$ 25 para a Klabin.