O Federal Reserve retirou, após sete anos, a sanção que limitava os ativos do Wells Fargo (NYSE:WFC) a US$ 1,95 trilhão. A medida, originalmente imposta em 2018 após escândalos de conduta comercial, impedia o banco de expandir seu balanço patrimonial e reduzia sua competitividade frente aos pares.

A decisão do Fed vem após uma avaliação técnica que reconheceu “progresso substancial” do banco na governança, no controle de riscos e na conformidade regulatória. A suspensão do teto representa uma vitória institucional para o CEO Charlie Scharf, que conduziu uma reestruturação desde que assumiu o comando em 2019.

A limitação aos ativos foi, à época, inédita em termos de severidade e impacto operacional. Enquanto bancos concorrentes como JPMorgan, Bank of America e PNC expandiram seus balanços no período, alguns em mais de US$ 1 trilhão, o Wells Fargo foi forçado a conter depósitos corporativos e operações de tesouraria para se manter dentro do teto regulatório.

Com o fim da restrição, analistas projetam uma alocação mais eficiente de capital e ganhos incrementais de lucratividade. Segundo estimativas da Evercore ISI, a liberação do limite pode adicionar até US$ 1,19 ao lucro anual por ação, ou um aumento de cerca de 18%, impulsionado por crescimento de receita líquida de juros, menores custos regulatórios e expansão dos negócios de crédito e trading.


O banco permanece sujeito a ordens de consentimento em outras frentes, como a compliance com normas de prevenção à lavagem de dinheiro. O Fed enfatizou que a governança e a supervisão rigorosa deverão ser mantidas como condição para a estabilidade futura.

Do ponto de vista do mercado, as ações do Wells Fargo (NYSE:WFC) chegaram a subir até 3,7% em reação à notícia, operando em alta de 0,7% no início da tarde de quarta-feira (4).

A Wells Fargo também é negociada na B3 através da BDR (BOV:WFCO34), que simultaneamente recuava 0,9%, cotada a R$ 107,21 reais.

A decisão também reacendeu o debate político. A senadora Elizabeth Warren classificou o alívio como prematuro, destacando que “ainda existem evidências de deficiências estruturais”. Já especialistas de mercado argumentam que a punição foi eficaz e serviu como catalisador para mudanças estruturais que multas financeiras isoladas dificilmente promoveriam.

Em termos macroeconômicos, a liberação do Wells Fargo elimina um risco reputacional sistêmico e sinaliza uma maior normalização no setor bancário tradicional.

A flexibilização abre caminho para maior competição no mercado de depósitos e pode estimular novos fluxos de crédito, com implicações relevantes para a atividade econômica em um ciclo de juros elevados.