Com queda acumulada de 25% em 2025 ante alta de 12% do Ibovespa, o que esperar para as ações da WEG olhando para o segundo trimestre de 2025 (2T25)?
Em relatório, o JPMorgan apontou que os investidores estão reavaliando suas posições na companhia fabricante de motores elétricos, já que a ação teve desempenho inferior. O banco americano ressalta que os resultados do 2T serão divulgados na próxima semana (23 de julho, antes da abertura do mercado).
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O banco vê uma oportunidade para aumentar posições, considerando ganhos potenciais de médio prazo (próximos 6-12 meses), já que a avaliação atual para 2026, de 13,8 vezes o EV/Ebitda (valor da firma/lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) e 20,4 vezes o múltiplo de P/L (Preço sobre Lucro), limita a queda a partir dos níveis atuais. Para os analistas, o pior já parece estar precificado, incluindo a recente fraqueza do dólar, notícias negativas sobre subsídios americanos para políticas de energia renovável, tarifas internacionais e acomodação no crescimento da receita.
Às 10h55 (horário de Brasília) desta quarta, as ações da WEG (BOV:WEGE3) subiam 1,30% (R$ 40,20), sendo destaque do Ibovespa na sessão em um dia sem grandes ânimos do mercado.
“Ao analisar os resultados do 2T, embora não esperemos que sejam um gatilho — com desaceleração sequencial no crescimento da receita e margens estáveis — acreditamos que o posicionamento está leve, dado os últimos três trimestres de correções após os resultados”, aponta o JPMorgan, que reforça que a ação caiu cerca de 5-12% nos dias do balanço nesses últimos períodos.
Por que aumentar a posição agora, segundo o JPMorgan:
O valuation atual limita a queda. Assumindo o câmbio spot (à vista) atual para 2025 e 2026 de R$ 5,56 (contra cerca de R$ 5,92 usado em seu modelo), o banco vê a WEG negociando a 14,7 vezes o EV/Ebitda para 2026, contra 13,8 vezes em sua última estimativa publicada. “Esse múltiplo é barato, considerando a avaliação histórica da WEG (10 anos, excluindo 2020) de 21,2 vezes, especialmente considerando que o ROIC (Retorno sobre o Capital Investido) e o crescimento da receita da empresa permanecem acima do nível dos últimos 10 anos.
Desempenho da ação fica atrás de pares e ETFs temáticos importantes. O desempenho em dólar no acumulado do ano mostra a WEG com queda de 17%, enquanto pares como ABB, Schneider e Siemens subiram entre 5% e 29%. Além disso, a empresa também fica atrás de ETFs temáticos importantes: Renováveis (TAN, ICLN e QCLN) com alta de 3-19%, Inteligência Artificial (BOTZ, BAI) com 1-8% e energia T&D (Transmissão e Distribuição) com 9-16% (IDU, GRID).
Tese overweight (OW): i) WEG continua sendo a empresa com maior CAGR (Taxa composta de crescimento anual) de lucro (2024-27) entre as fabricantes de equipamentos elétricos, com 16%, contra 6-11% de ABB, Schneider e Siemens; ii) Perspectiva positiva para T&D na América do Norte, que deve sustentar crescimento de dois dígitos por vários anos no segmento GTD (Geração, Transmissão e Distribuição) estrangeiro, pelo menos até 2027; e iii) Risco de alta com a expansão da Regal nos próximos anos, já que a empresa opera com cerca de 50% da capacidade ociosa e margem EBITDA de um dígito.
O JPMorgan acredita que o risco de queda para as estimativas com a fraqueza do dólar, o 2T sem grandes surpresas, o risco de tarifa de 50% dos EUA estar precificado e a redução de subsídios para energia renovável nos EUA são temas que já estão já precificados.
Sobre os dois últimos temas, o JPMorgan reforça que, atualmente, cerca de 25% da receita da WEG vem dos EUA, com cerca de 50% sendo exportada do Brasil, o que implica impacto de cerca de 6% na receita e Ebitda (estimativa do banco). Além disso, o aumento das tarifas no México para 30% (não está claro se incluirá produtos do USMCA) também pode pressionar a WEG, já que o México abriga a segunda maior unidade fabril da empresa e é destino de investimentos significativos.
Já para a redução de subsídios para energia renovável nos EUA, o banco aponta que o recente projeto de lei orçamentária dos EUA — “One Big Beautiful Bill Act” de 2025 — que foi aprovado, elimina gradualmente créditos fiscais para projetos de energia eólica, solar e outras renováveis. Além disso, o presidente Trump assinou uma ordem executiva em 7 de julho que determina uma revisão das regulamentações e políticas do Departamento do Interior para eliminar preferências para instalações eólicas e solares em comparação com fontes de energia despacháveis.
O JPMorgan tem recomendação overweight para WEGE3, com preço-alvo de R$ 61; já o Goldman Sachs reiterou venda para os ativos, com preço-alvo para 12 meses de R$ 44,60. O Goldman avalia não ter visibilidade sobre: i) qual seria o impacto na demanda por motores elétricos nos EUA caso as tarifas sejam implementadas e as empresas ajustem os preços para cima; e ii) a tarifa efetiva após eventuais negociações.
” No longo prazo, as tarifas potenciais poderiam acelerar as expansões de capacidade da WEG na América do Norte, reduzindo a dependência das exportações brasileiras (além de permitir ganhos de participação de mercado sobre produtos importados)”, aponta o Goldman.