(31/07/2025): As principais bolsas de valores da região Ásia-Pacífico fecharam esta quinta-feira (31/07) com desempenho misto, refletindo a divulgação de dados econômicos locais contrastantes e a cautela global com as incertezas da política monetária dos Estados Unidos. As falas do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que manteve um tom conservador ao reforçar a dependência de dados, e a divisão entre membros do Fed quanto a cortes de juros nos próximos meses, colocaram os investidores em compasso de espera, principalmente em relação ao índice PCE, que será divulgado ainda hoje e é considerado o termômetro favorito do Fed para medir a inflação.
O índice Nikkei do Japão liderou os ganhos da região com alta de +1,02%, impulsionado por uma bateria de indicadores positivos. A produção industrial japonesa surpreendeu com alta de +1,7% em junho, superando as projeções e revertendo o recuo do mês anterior. Além disso, as projeções para os meses seguintes também vieram animadoras, somando confiança ao investidor. O mercado ainda reagiu bem à decisão do Banco do Japão (BoJ) de manter a taxa básica em 0,50%, sem surpresas, enquanto os investimentos estrangeiros em ações japonesas subiram para 743,3 bilhões de ienes. No entanto, o dado de confiança do consumidor decepcionou, recuando para 33,7 pontos.
Em contraste, o Hang Seng Index de Hong Kong registrou a pior performance do dia, com queda de -1,60%. Os investidores locais reagiram negativamente ao PMI industrial da China, que veio abaixo das expectativas, caindo para 49,3 pontos em julho — sinalizando contração da atividade manufatureira. O PMI de serviços também mostrou desaceleração, o que aumentou os temores sobre a recuperação econômica do país. A queda no minério de ferro (-2,38%) e o desempenho fraco do setor de tecnologia pressionaram ainda mais o mercado de Hong Kong, com reflexos também em empresas chinesas listadas.
Na Austrália, o ASX 200 (ASX:XJO) encerrou em leve queda de -0,16%, mesmo após a divulgação de um salto de +11,9% nos alvarás de construção em junho e vendas no varejo mais fortes do que o esperado (+1,2%). O que pesou sobre o mercado australiano foi a queda trimestral dos preços de bens exportados (-4,5%) e o recuo dos preços de bens importados, que levantaram dúvidas sobre a dinâmica comercial do país. Além disso, o mercado sentiu os efeitos do enfraquecimento da demanda global por commodities, especialmente após os dados fracos da China.
O índice Shanghai SE da China caiu -1,18%, com os investidores locais frustrados pelos dados de PMI abaixo do esperado e pela ausência de novos estímulos robustos por parte do governo chinês. A confiança de que Pequim possa agir de forma mais contundente para reaquecer a economia ainda é baixa, o que aumenta a pressão sobre os ativos chineses. A forte queda do minério de ferro reforçou esse sentimento, afetando empresas do setor e arrastando o índice para o vermelho.
No mercado de câmbio, as moedas da região tiveram variações comedidas, mas refletiram a cautela global com o cenário norte-americano. Às 08h00 (horário de Brasília), o iene japonês (FX:USDJPY) era negociado a 155,88 ienes por dólar (+0,14%), refletindo o otimismo com os dados domésticos e a estabilidade monetária. O dólar australiano (FX:USDAUD) subia levemente para 0,6672 (+0,09%), apoiado pelos dados de consumo e crédito. Já o yuan chinês (FX:USDCNY) desvalorizava-se discretamente para 7,2510 (-0,05%), pressionado pelos dados fracos do PMI e a percepção de desaceleração econômica.