Em meio às especulações sobre uma possível aquisição da Moove — empresa de lubrificantes controlada pela Cosan — pela Vibra, o Itaú BBA avalia que a transação poderia ser positiva para a Cosan, ao representar mais um passo na sua estratégia de redução de endividamento.
Para a Vibra, porém, os analistas veem impactos mistos. A compra da Moove poderia ser estratégica, já que a empresa detém contratos comerciais e ativos logísticos que complementariam a atuação da Vibra (BOV:VBBR3) no segmento de lubrificantes, além de permitir o melhor aproveitamento da capacidade ociosa da planta recentemente modernizada no Rio de Janeiro. No entanto, há incertezas importantes no radar.
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A Cosan (BOV:CSAN3), por sua vez, confirmou nesta quinta-feira (18) que tem sido procurada por agentes do mercado para discutir alternativas envolvendo seus ativos, mas ressaltou que não há qualquer acordo ou compromisso firmado até o momento. Segundo a companhia, eventuais conversas ainda são não vinculantes.
O BBA também destacou que o incêndio ocorrido em fevereiro na planta da Moove no Rio de Janeiro tornou mais difícil prever o desempenho financeiro da empresa. Dependendo do múltiplo de aquisição e das perspectivas de rentabilidade da Moove, a transação pode pressionar a alavancagem da Vibra, que pode chegar a um patamar entre 3,2 e 3,7 vezes o EBITDA — nível considerado elevado, especialmente diante das expectativas de desalavancagem e geração de dividendos.
Outro ponto de atenção é a operação internacional da Moove, com presença nos Estados Unidos e na Europa. Essa expansão inicial da Vibra em mercados externos pode representar desafios operacionais adicionais.
Na avaliação do Bradesco BBI, a reação do mercado à possível transação tende a ser inicialmente negativa, justamente por causa do impacto sobre a alavancagem da Vibra. No entanto, o banco pondera que esse efeito pode ser amenizado caso o valor do negócio se revele atrativo. Simulações realizadas pelo BBI indicam que a alavancagem da companhia pode variar de acordo com múltiplos de aquisição entre 6 e 7 vezes o EBITDA — intervalo próximo ao sugerido no prospecto preliminar do IPO da Moove, divulgado em outubro de 2024.
O BBI considera ainda que a planta da Moove afetada pelo incêndio deve ser excluída da negociação, já que (i) a empresa deve ser indenizada pelas seguradoras, e (ii) a Vibra possui atualmente 220 mil m³/ano de capacidade ociosa em sua nova unidade, eliminando a necessidade de investimentos em uma nova planta.
Essa capacidade, segundo o banco, pode gerar até R$ 400 milhões em EBITDA adicional ao ano, substituindo volumes importados e de menor margem atualmente utilizados pela Moove.
Sobre potenciais sinergias, o BBI destaca que elas estariam concentradas nas operações nacionais. A Moove atua em nichos mais especializados e conta com uma estrutura técnica que a Vibra ainda não possui. Replicar esse modelo em toda a rede da Vibra poderia fortalecer a capacidade de precificação da companhia.
O banco também ressalta que o negócio de lubrificantes tem mais sinergia com a Vibra do que com outras empresas do portfólio, como a Comerc. Ainda assim, reforça que o sucesso da operação depende da definição de termos atrativos para o mercado, a fim de conter preocupações com o aumento da alavancagem. Um desafio adicional, segundo o BBI, seria a resistência da Cosan em vender ativos estratégicos por valores considerados baixos, o que pode dificultar o avanço das negociações.
Por fim, o BBI observa que a operação poderá ser submetida a análise antitruste. Mesmo diante das incertezas, o banco manteve recomendação de compra para as ações da Vibra, com preço-alvo de R$ 27.