Resultado recorrente do Itaú Unibanco (BOV:ITUB4) no 2T25 salta 14,3% na comparação anual, impulsionado por crescimento da carteira de crédito, maior margem com clientes e alta nas receitas de serviços. A ação fechou em alta de 1,7% nesta segunda-feira (05/08).

O Itaú Unibanco (BOV:ITUB4) divulgou na terça-feira (05/08) seu balanço financeiro referente ao segundo trimestre de 2025, apresentando um lucro recorrente gerencial de R$ 11,5 bilhões — uma alta de 14,3% na comparação com o mesmo período de 2024 e de 3,4% em relação ao primeiro trimestre deste ano. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) consolidado ficou em 23,3%, com destaque para as operações no Brasil, que registraram 24,4%.

O bom desempenho foi sustentado por uma combinação de fatores positivos, como o crescimento de 3,1% na margem financeira com clientes, totalizando R$ 30,3 bilhões, e o avanço de 2,5% nas receitas de serviços e seguros, que somaram R$ 14,2 bilhões. Além disso, a carteira de crédito cresceu 0,4% no trimestre (e 7,3% em 12 meses), atingindo R$ 1,389 trilhão, com destaque para crédito imobiliário e cartões.

Apesar de um leve aumento de 1,3% no custo do crédito (R$ 9,1 bilhões), o índice de inadimplência acima de 90 dias permaneceu estável em 1,9%, refletindo a qualidade da carteira. O índice de eficiência do banco, que mede a relação entre despesas operacionais e receitas, ficou em 38,8% no consolidado e atingiu o melhor nível histórico para um segundo trimestre no Brasil, com 36,9%.

O valor patrimonial por ação foi de R$ 18,62, enquanto o lucro por ação (LPA) alcançou R$ 1,05. A instituição também anunciou R$ 2,7 bilhões em proventos sob a forma de dividendos e JCP.

No pregão desta terça-feira (05/08), um pouco antes da divulgação do balanço financeiro do Itaú Unibanco, as ações preferenciais do Itaú (ITUB4) encerraram cotadas a R$ 35,90, com alta de 1,7% no dia, após os papéis oscilarem entre R$ 35,06 e R$ 36,15. Já os papéis ordinários (ITUB3) fecharam em R$ 31,90, com avanço de 1,1%. A expectativa do mercado é que o resultado fortaleça a tese de valorização das ações, especialmente frente à consistência nos indicadores de rentabilidade e eficiência.

O Itaú Unibanco é o maior banco privado do Brasil, com atuação nos segmentos de varejo, atacado, seguros, cartões e serviços financeiros. Está presente em diversos países da América Latina e possui forte operação de gestão de ativos, consórcios e aquisições. Entre os principais concorrentes estão Bradesco (BOV:BBDC4), Santander Brasil (BOV:SANB11) e Banco do Brasil (BOV:BBAS3).

Com esse desempenho, o Itaú reforça seu posicionamento como referência de eficiência e solidez na bolsa de valores. Acompanhe a cotação em tempo real e mais indicadores do banco nas ferramentas da ADVFN.

Teleconferência

O Itaú Unibanco demonstrou confiança em relação à qualidade de sua carteira de crédito e não espera alterações significativas no comportamento do mercado para os próximos meses. A avaliação foi feita pelo presidente-executivo do banco, Milton Maluhy Filho, nesta quarta-feira (6), durante coletiva de imprensa após a divulgação dos resultados do segundo trimestre.

Nas primeiras horas do pregão, as ações do banco subiam 3%, refletindo a reação positiva dos investidores aos números apresentados.

Segundo Maluhy, o cenário atual segue dentro do que o banco já vinha antecipando em suas projeções. “Não vejo nenhuma mudança olhando para frente. Vamos acompanhar um cenário de juros mais alto, economia desacelerando, que tipo de impacto isso vai gerar na atividade”, explicou.

O executivo reforçou que o banco segue confortável com os contratos realizados até agora: “Nós estamos muito confortáveis com a qualidade do portfólio que vem sendo contratado e produzido”.

Ele também pontuou que a instituição já havia incorporado, em seus modelos, as expectativas para os principais indicadores macroeconômicos. “Não vemos uma mudança muito grande entre o primeiro e o segundo [semestre], inclusive porque tudo que foi contratado é do primeiro. Nós já projetávamos o juro chegando onde chegou, projeções de desemprego, enfim, tudo isso está sendo levado em conta nos nossos modelos”, concluiu.

VISÃO DO MERCADO

Na contramão de incertezas no mercado, o Itaú Unibanco mostrou, mais uma vez, por que é considerado um dos pilares do sistema financeiro brasileiro. Os números divulgados na noite de terça-feira (5) reforçaram essa visão: o banco registrou um lucro líquido recorrente gerencial de R$ 11,5 bilhões no segundo trimestre de 2025, um crescimento de 14,3% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Às 10h58 desta quarta-feira (6), as ações ITUB4 subiam 2,94%, negociadas a R$ 36,74.

O desempenho superou as expectativas do mercado: as projeções da LSEG apontavam para um lucro de R$ 11,3 bilhões, enquanto a XP Investimentos previa um valor 1,5% menor do que o realizado. Segundo a XP, o resultado foi impulsionado por uma combinação favorável de fatores: expansão das margens, crescimento no volume de crédito, maior geração de receitas com tarifas e um controle eficaz dos custos operacionais. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) consolidado alcançou 23,3%, com alta de 80 pontos-base em relação ao trimestre anterior.

A margem financeira com clientes (NII) cresceu 3,1%, beneficiada por um volume maior de operações, um mix de crédito mais rentável e melhores condições de captação.

Já os indicadores de risco continuaram controlados: a inadimplência acima de 90 dias seguiu estável, em 1,9%, e o custo do crédito se manteve em 2,6% da carteira de empréstimos. A carteira total de crédito apresentou estabilidade no trimestre, com destaque para os segmentos imobiliário e de crédito para pequenas e médias empresas (PMEs).

Em análise divulgada após os resultados, a Genial Investimentos destacou: “O Itaú entregou mais um trimestre sólido e consistente, reforçando a liderança do banco em escala, eficiência e lucratividade, mantida ao longo dos diferentes ciclos econômicos.”

Além do bom desempenho no trimestre, o banco ainda revisou para cima sua projeção de NII com clientes, passando a estimar um crescimento entre 11% e 14% para o ano. Por outro lado, a alíquota efetiva de imposto também foi revista para cima, o que poderá atenuar parte do impacto positivo no lucro líquido.

Para o JPMorgan, o resultado foi não apenas positivo, mas também consistente. O banco norte-americano destacou que o NII veio 1% acima das suas projeções, e o Índice CET1 subiu 50 pontos-base no trimestre, alcançando 13,1%. Contudo, o relatório também chamou atenção para a elevação da NPL formation – indicador que mede a variação do saldo de créditos em atraso –, que subiu de R$ 1,7 bilhão para R$ 9,4 bilhões, devido a operações de refinanciamento no varejo.

O Bradesco BBI, por sua vez, também viu sinais positivos: “Acreditamos que os resultados do Itaú mostraram outro conjunto de tendências sólidas, em que destacamos a forte expansão do NIM [margem de juros líquida] de 20 pontos-base em relação ao trimestre anterior, refletindo um melhor mix de produtos e margem de passivos, o que também sustentou a revisão para cima dos lucros para o crescimento do NII com clientes.”

A instituição ainda comentou que a estabilidade na carteira de crédito reflete uma postura mais cautelosa do banco, indicando uma tendência de crescimento no limite inferior da projeção, com avanço de 4,9% – frente à estimativa anterior, que variava entre 4,5% e 8,5%. Como consequência, o BBI atualizou sua previsão de dividendos, estimando um dividend yield próximo de 10,5%.

Ações continuam entre as favoritas do mercado
Mesmo com uma valorização de 35% no acumulado do ano, os papéis ITUB4 seguem no radar positivo dos analistas.

“Apesar das crescentes dúvidas sobre o valuation do banco, reiteramos nossa visão construtiva e mantemos ITUB4 como nossa top pick”, avaliou a XP Investimentos.

A Genial Investimentos também mantém o Itaú como principal escolha no setor bancário. “Bem capitalizado, com excesso de provisões e espaço relevante para ganhos de eficiência, o Itaú segue como nossa principal escolha no setor bancário. Diante da consistência dos resultados, resiliência operacional e do bom momento do banco, reiteramos nossa recomendação de compra para ITUB4”, afirmou a casa, que estima um preço-alvo de R$ 43,80 – o que representa um potencial de valorização de 22,7% em relação ao último fechamento. Para investidores com menor restrição de liquidez, a recomendação se estende para as ações ordinárias ITUB3, que estão mais descontadas.

O Bradesco BBI tem recomendação outperform (desempenho acima da média) com preço-alvo de R$ 44. Já o Morgan Stanley mantém recomendação equivalente à compra (overweight) para os ADRs negociados nos EUA (ITUB), com preço-alvo de US$ 7,50, destacando o que chamou de “mais um resultado sólido e consistente”.