Fechamento em Londres: Ações encerram em alta após onda de resultados

Os mercados de Londres encerraram levemente em alta nesta quarta-feira (6), impulsionados pelos lucros corporativos, apesar das preocupações com o enfraquecimento do setor de construção do Reino Unido.

O FTSE 100 subiu 0,24%, fechando em 9.164,31 pontos, enquanto o FTSE 250 avançou 0,11%, encerrando em 21.925,88 pontos.

No mercado cambial, a libra esterlina valorizou 0,47% frente ao dólar, sendo negociada por US$ 1,3361, mas recuou 0,13% frente ao euro, a € 1,1474.

Os ganhos ocorreram enquanto os investidores avaliavam uma mistura de balanços e novos dados econômicos.

Danni Hewson, chefe de análise financeira da AJ Bell, observou: “Após perder força ontem, o FTSE 100 teve mais um modesto avanço. As preocupações com tarifas persistem, mas o otimismo sobre negociações comerciais com a China sustentou o sentimento global.”

Construção no Reino Unido despenca em julho

No campo econômico, novos dados mostraram que a atividade da construção no Reino Unido teve sua maior contração em mais de cinco anos no mês passado.

O índice PMI da construção, medido pela S&P Global, caiu para 44,3 em julho, ante 48,8 em junho — bem abaixo do limite de 50,0 que indica expansão. Economistas esperavam estabilidade.

A queda foi impulsionada por fortes recuos nos setores residencial e de engenharia civil, com empresas citando atrasos em projetos, demanda mais fraca e menor atividade do setor público.

Joe Hayes, da S&P Global, descreveu os dados como “mais um revés”, acrescentando que os indicadores de tendência apontam que “as construtoras do Reino Unido estão se preparando para tempos difíceis”, reduzindo compras de materiais e o número de funcionários.

Matt Swannell, economista-chefe do EY ITEM Club, pediu cautela na leitura do relatório, observando que dados oficiais mostraram mais resiliência neste ano. No entanto, reconheceu que incertezas, custos trabalhistas elevados e impostos mais altos estão afetando o setor, com uma perspectiva mista para o mercado imobiliário e o crescimento até 2026.

Na zona do euro, o PMI da construção também sinalizou fraqueza contínua. O índice para o bloco caiu para 44,7 em julho. A França teve a maior contração, com 39,7. O PMI da Itália recuou para 48,3, e o da Alemanha subiu ligeiramente, mas permaneceu fraco em 46,3.

Norman Liebke, do Hamburg Commercial Bank, afirmou que os três principais setores — residencial, comercial e engenharia civil — contraíram, e que “os novos pedidos continuam em queda, enquanto o emprego segue pressionado.”

Separadamente, as vendas no varejo da zona do euro subiram mais que o esperado em junho, com alta de 3,1% na comparação anual, impulsionadas pela forte demanda por produtos não alimentícios.

Analistas do ING disseram que a demanda resiliente dos consumidores está sustentando o crescimento em meio às pressões externas no comércio, apoiada por uma taxa de desemprego historicamente baixa e pela inflação em queda.

Os dados econômicos da Alemanha decepcionaram, com os pedidos à indústria caindo 1% em junho, contrariando a expectativa de alta de 1%.

Uma queda acentuada de 23,1% nos pedidos de equipamentos de transporte — incluindo aeronaves e veículos militares — puxou o recuo, levantando preocupações sobre a resiliência da maior economia da Europa.

Hiscox avança; Glencore e Coca-Cola HBC recuam

Nos mercados acionários de Londres, as ações da Hiscox (LSE:HSX) dispararam 9,44% após a seguradora registrar forte crescimento nos prêmios emitidos e anunciar aumento no dividendo e no programa de recompra de ações, mesmo diante de significativas perdas com incêndios florestais.

A Beazley (LSE:BEZ) também subiu, com alta de 2,83%, enquanto a Telecom Plus (LSE:TEP) avançou 2,88% com apoio dos resultados.

A Vesuvius (LSE:VSVS) subiu 1,52% apesar de relatar forte queda no lucro do primeiro semestre, citando condições de mercado desafiadoras e pressão sobre preços. A empresa afirmou que cortes de custos e ganhos de participação de mercado ajudaram a mitigar os impactos.

Do lado negativo, a Coca-Cola HBC (LSE:CCH) caiu 6,88% após indicar que sua projeção anual continua no topo da faixa de orientação. Apesar dos resultados “fortes” do primeiro semestre, o mercado se mostrou cauteloso.

A Glencore (LSE:GLEN) recuou 5,41% após reportar queda de 14% no lucro ajustado, pressionada por preços mais baixos do carvão e menor volume de cobre.

A empresa confirmou que manterá sua listagem em Londres, após considerar mudança para Nova York. Danni Hewson, da AJ Bell, comentou: “Mais do que um voto de confiança no Reino Unido, isso reflete as dificuldades atuais da Glencore, incluindo problemas operacionais e uma crescente dívida.”

A Legal & General (LSE:LGEN) caiu 2,03% apesar de apresentar bons resultados, com alta de 6% no lucro operacional do primeiro semestre.

Os investidores pareceram pouco impressionados, com Hewson observando que “um leve superávit sobre as expectativas não foi suficiente para empolgar o mercado”, enquanto a empresa segue em processo de reestruturação sob o novo CEO António Simões.

A TP ICAP (LSE:TCAP) recuou 8,14% mesmo após divulgar receita recorde no primeiro semestre e alta de 10% nos lucros.

A 4imprint (LSE:FOUR), do setor de brindes promocionais, caiu 9,68% após queda de 1% nas receitas e dificuldades apontadas na aquisição de clientes, apesar de leve aumento nos lucros.


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