O Brasil registrou em julho um déficit de US$ 7,067 bilhões na conta corrente, informou o Banco Central (BC) nesta terça-feira (26/08). O resultado foi mais negativo que o de junho, quando o saldo havia ficado em -US$ 5,131 bilhões, e marcou o pior desempenho para meses de julho desde 2019, quando o rombo chegou a US$ 11,513 bilhões.
De acordo com a pesquisa Projeções Broadcast, o mercado esperava um déficit entre US$ 6,80 bilhões e US$ 4,30 bilhões, com mediana em -US$ 5,70 bilhões. O resultado, portanto, superou as expectativas mais pessimistas.
No acumulado de 2024, a conta corrente já soma saldo negativo de US$ 40,081 bilhões. Em 12 meses, o déficit passou de 3,42% do Produto Interno Bruto (PIB) em junho para 3,50% em julho, o maior percentual desde abril de 2020, quando atingia 3,56%.
A balança comercial foi o ponto positivo, com superávit de US$ 6,468 bilhões em julho, segundo a metodologia do BC. Por outro lado, a conta de serviços teve déficit de US$ 5,016 bilhões, enquanto a conta de renda primária ficou em -US$ 8,880 bilhões. Já a conta financeira encerrou o mês também no vermelho, em -US$ 8,723 bilhões.
O Banco Central manteve sua projeção para 2024 de déficit de US$ 58 bilhões nas transações correntes e entrada líquida de US$ 70 bilhões em Investimento Direto no País (IDP). Para 2025, a autoridade monetária estima superávit de US$ 60 bilhões na balança comercial, conforme dados do Relatório de Política Monetária (RPM) publicado em junho.
Esse quadro fiscal tende a refletir nas expectativas para os ativos brasileiros. O aumento do déficit em conta corrente pode pressionar o câmbio (FX:USDBRL), já que evidencia a maior necessidade de financiamento externo. Ao mesmo tempo, um superávit robusto da balança comercial segue como fator de sustentação para o real, ainda que insuficiente para anular os efeitos negativos da balança de serviços e da conta de renda primária.
No contexto atual da bolsa de valores brasileira (BOV:IBOV), que opera em ambiente de volatilidade diante da política monetária norte-americana e dos dados fiscais internos, a ampliação do déficit externo adiciona mais um fator de cautela para investidores locais e estrangeiros.