(08/08/2025): O fluxo total de veículos em rodovias concedidas à iniciativa privada no Brasil registrou leve alta de 0,1% em julho na comparação com junho, considerando a série com ajuste sazonal. Os dados foram divulgados hoje (8) pela Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) em parceria com a Tendências Consultoria Integrada.
Na comparação anual, o indicador avançou 1,2% frente a julho de 2024. No acumulado de janeiro a julho, a alta foi de 2,2% sobre igual período do ano passado. Em 12 meses, o crescimento é de 2,4%.
Veículos leves perdem fôlego, mas mantêm patamar elevado
O tráfego de veículos leves – como carros de passeio – manteve-se estável entre junho e julho, mas teve leve crescimento de 0,8% frente ao mesmo mês de 2024. No acumulado de 12 meses, o avanço é de 2,3%, enquanto no ano até julho a expansão chega a 2,2%.
Segundo os economistas Thiago Xavier e Davi Gonçalves, da Tendências, a estabilidade recente no tráfego de leves reflete um cenário econômico ainda restritivo para o consumo das famílias. “A inflação persistentemente elevada e o crédito mais difícil têm limitado o avanço. Ainda assim, o tráfego se mantém em níveis altos, sustentado pelo mercado de trabalho aquecido, com aumento da renda e maior número de ocupados, o que favorece o consumo de viagens”, explicam.
Pesados ganham tração com safra e indústria
Já o tráfego de veículos pesados cresceu 1,8% entre junho e julho, acelerando após dois meses de estabilidade. Frente a julho de 2024, a alta foi de 2,5%. No acumulado em 12 meses, o segmento registra avanço de 2,6%, e no ano até julho, de 2,3%.
A expansão foi puxada principalmente pelo escoamento da segunda safra de milho, além do suporte do mercado de trabalho à produção industrial e ao comércio, segundo os analistas. No entanto, o setor começa a dar sinais de arrefecimento.
“Embora o indicador esteja próximo dos maiores patamares históricos, a tendência recente aponta para uma desaceleração. A demanda por fretes agrícolas está menor, e há indícios de acomodação no setor industrial. Esses movimentos refletem os efeitos das condições financeiras ainda restritivas, que impactam o consumo de bens industriais e, por consequência, o transporte de cargas”, avaliam Xavier e Gonçalves.
Indicador | Variação mensal (Jul/Jun) | Variação anual (Jul/24) | Acumulado em 2025 | Acumulado em 12 meses |
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Fluxo total de veículos | +0,1% | +1,2% | +2,2% | +2,4% |
Veículos leves | 0,0% (estável) | +0,8% | +2,2% | +2,3% |
Veículos pesados | +1,8% | +2,5% | +2,3% | +2,6% |
Empresas da Bolsa que podem ser impactadas
O desempenho do tráfego em rodovias pedagiadas é um importante termômetro para empresas listadas na B3, especialmente nos setores de infraestrutura, concessões rodoviárias, logística e transporte. Entre os principais nomes que podem ser impactados, destacam-se:
- CCR (CCRO3) – Atua na administração de rodovias, mobilidade urbana e aeroportos. É diretamente influenciada pelo volume de tráfego.
- Ecorodovias (ECOR3) – Empresa especializada em concessões de rodovias, altamente sensível ao fluxo de veículos.
- JSL (JSLG3) – Atua em logística rodoviária e pode se beneficiar da alta no transporte de cargas.
- Rumo (RAIL3) – Embora seja uma operadora ferroviária, pode ser indiretamente influenciada por mudanças no transporte de grãos.
- Simpar (SIMH3) – Controladora de empresas de logística, transporte e concessões.
O desempenho do setor também pode servir como termômetro para a economia real, especialmente nos segmentos ligados ao agronegócio, indústria e comércio.
fontes: Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) e a Tendências Consultoria Integrada.