O Índice de Confiança da Construção (ICST), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), registrou queda de 1,1 ponto em agosto em relação ao mês anterior, atingindo 91,6 pontos. O resultado dá sequência ao recuo de 1,3 ponto observado em julho e levou a média móvel trimestral do indicador a cair 0,6 ponto.
O movimento de baixa refletiu tanto o Índice de Situação Atual (ISA-CST), que recuou 0,4 ponto para 92,1 pontos, quanto o Índice de Expectativas (IE-CST), que cedeu 1,6 ponto, chegando a 91,4 pontos – o menor patamar desde maio de 2021, quando marcou 89,1 pontos.
No ISA-CST, o indicador de situação atual dos negócios caiu 1,1 ponto, alcançando 90,9 pontos, enquanto o volume da carteira de contratos avançou levemente, em 0,3 ponto, para 93,3 pontos. Já do lado das expectativas, os dois componentes registraram retração: a demanda prevista para os próximos três meses caiu 1,5 ponto, para 92,8 pontos, e a tendência dos negócios nos próximos seis meses recuou 1,8 ponto, para 89,9 pontos.
“O ciclo de negócios recente, seja no mercado imobiliário ou na infraestrutura, em princípio, garantiria um ano de crescimento robusto para o setor. No entanto, houve piora no indicador de evolução recente da atividade – as assinalações de queda superaram as de crescimento”, disse Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos da construção do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV, em relatório.
Segundo ela, o pessimismo com a demanda também aumentou e já impacta a intenção de contratação para os próximos meses.
“A escassez de mão de obra qualificada permanece como a principal limitação atual dos negócios, o que indica que a atividade se mantém aquecida, no entanto, assinalações de problemas de acesso ao crédito ganharam relevância nos últimos meses. Assim, o resultado da sondagem de agosto sugere que esse cenário de crescimento robusto pode mudar a partir da decisão das empresas de adiar início de obras ou alongar o ciclo produtivo”, acrescentou.
O Nível de Utilização da Capacidade (Nuci) da Construção ficou estável em agosto, em 78,2%. O Nuci de Mão de Obra variou -0,3 ponto percentual, para 79,6%, enquanto o de Máquinas e Equipamentos subiu 1,1 ponto percentual, chegando a 73,3%.
Impactos no mercado financeiro
A retração da confiança no setor da construção tende a gerar cautela entre investidores que acompanham empresas ligadas à construção civil listadas na B3. O enfraquecimento das expectativas pode pressionar as ações dessas companhias, sobretudo em um ambiente de crédito mais restritivo. Além disso, os sinais de desaceleração podem refletir no desempenho de contratos futuros de juros (BMF:DI1FUT), já que eventuais adiamentos de obras impactam a atividade econômica como um todo.
Embora o ICST não esteja diretamente vinculado a um ativo negociado em bolsa de valores, o indicador é acompanhado de perto como termômetro do setor imobiliário e de infraestrutura. Em um cenário de juros elevados e crédito restrito, a perda de confiança sinaliza riscos para o ritmo de crescimento da economia brasileira e pode aumentar a volatilidade no mercado de ações, câmbio e títulos públicos.
(fgv)