A possibilidade de o Federal Reserve (Fed) retomar o ciclo de cortes de juros em setembro ganhou força após o discurso de Jerome Powell em Jackson Hole. O presidente da instituição alertou sobre riscos ao mercado de trabalho, e isso foi suficiente para mudar as apostas dos investidores.

De acordo com a ferramenta do CME Group, que acompanha a curva de juros futuros, o mercado precifica agora 91,5% de chance de que a taxa básica seja reduzida em 25 pontos-base no próximo mês. Antes da fala de Powell, essa probabilidade estava pouco acima de 70%. Já a chance de manutenção da taxa na faixa de 4,25% a 4,50% caiu para 8,5%.

O cenário para o fim de 2025 também foi reavaliado. A maioria dos investidores (50,7%) espera um corte acumulado de 50 pontos-base até dezembro. A probabilidade de uma redução mais modesta, de 25 pontos-base, recuou para 13,5%, enquanto aumentou a de uma baixa mais agressiva, de 75 pontos-base, agora em 35%.

Esse movimento tende a repercutir diretamente nos mercados de ações e de títulos. A expectativa de juros menores costuma dar impulso aos índices de bolsa de valores, ao reduzir o custo de capital para empresas e tornar os títulos de renda variável mais atrativos em relação aos de renda fixa. No câmbio, o dólar pode perder força diante de outras moedas, já que rendimentos menores nos Estados Unidos reduzem a atratividade dos ativos norte-americanos.

No contexto atual, a declaração de Powell em Jackson Hole reforça a percepção de que o Fed está mais preocupado com a desaceleração econômica do que com a inflação. Isso coloca as decisões de setembro ainda mais no centro das atenções, em um ambiente de volatilidade para bolsas de valores, câmbio e títulos globais.