A curva de juros brasileira encerrou o dia em queda, acompanhando o movimento dos yields americanos e refletindo o tom mais dovish do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. Os contratos futuros recuaram até 14 pontos-base, reforçando a percepção de que o ciclo de cortes da Selic pode ser mais profundo do que o inicialmente previsto. De acordo com a Bloomberg, o mercado passou a precificar a taxa básica abaixo de 12,5% até meados de 2027, com maior chance de cortes já em dezembro e janeiro.
Durante seu discurso, Powell ressaltou que o mercado de trabalho dos Estados Unidos continua sólido e próximo do pleno emprego, enquanto a inflação já cedeu de forma significativa desde o auge pós-pandemia. No entanto, fez um alerta importante: “o balanço de riscos parece estar mudando”. O chefe do Fed destacou ainda que “a estabilidade da taxa de desemprego e de outras medidas do mercado de trabalho nos permite avançar com cautela ao considerar mudanças em nossa postura de política”.
Segundo Powell, a política monetária não segue um “curso predefinido”, e as próximas decisões serão tomadas “com base unicamente nos dados e suas implicações para as perspectivas econômicas e o balanço de riscos”. A sinalização elevou a confiança dos investidores em um corte já na reunião de setembro. Prova disso é que a ferramenta FedWatch, do CME Group, aumentou a probabilidade de redução em 0,25 ponto percentual para 83,1%, contra 75% registrados na véspera.
A reação foi imediata nos mercados globais. Nos EUA, os Treasuries subiram, levando o rendimento do título de 10 anos a cair 7 pontos-base, para 4,26%. No Brasil, os DIs de prazos mais longos também acompanharam o movimento: o contrato para janeiro de 2027 (DI1F27) recuou 0,89%, a 13,955%, enquanto o de janeiro de 2029 (DI1F29) caiu 0,97%, fechando em 13,28%.
Larry Tentarelli, estrategista técnico-chefe do Blue Chip Daily Trend Report, resumiu o sentimento do mercado: “Os comentários de Jerome Powell hoje foram mais dovish do que muitos, inclusive eu, esperávamos”. Ele acrescentou que setores como construção civil, small caps e bancos devem ser os maiores beneficiados com um ciclo de cortes nos juros.
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