A entrada líquida de Investimentos Diretos no País (IDP) alcançou US$ 8,324 bilhões em julho, informou o Banco Central nesta terça-feira (26/08). O resultado superou todas as estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, cuja mediana apontava para US$ 5,250 bilhões. As projeções do mercado variavam entre US$ 3 bilhões e US$ 7,9 bilhões.
No acumulado de 2025, o Brasil já recebeu US$ 42,098 bilhões em IDP. Em 12 meses, esse fluxo somou US$ 68,169 bilhões, correspondendo a 3,17% do Produto Interno Bruto (PIB). De acordo com o Relatório de Política Monetária (RPM) de junho, o Banco Central espera que a entrada líquida de IDP alcance US$ 70 bilhões em 2025, equivalente a 3,2% do PIB.
Apesar do avanço robusto em investimentos produtivos, o mercado acionário brasileiro registrou movimento contrário. O investimento estrangeiro em ações brasileiras foi negativo em US$ 979 milhões em julho, após ter sido positivo em US$ 1,485 bilhão no mesmo mês de 2024. O investimento líquido em fundos de investimento também foi negativo, em US$ 121 milhões, embora em menor intensidade do que julho de 2024, quando o saldo havia sido negativo em US$ 626 milhões.
Já os títulos de renda fixa negociados no País apresentaram resultado positivo. O saldo foi de US$ 908 milhões em julho, revertendo o desempenho de julho de 2024, quando o fluxo havia sido negativo em US$ 106 milhões. No acumulado de janeiro a julho de 2025, o saldo de investimento estrangeiro em títulos domésticos é positivo em US$ 5,928 bilhões. Por outro lado, os investimentos em ações acumulam resultado negativo de US$ 1,465 bilhão e os fundos, de US$ 698 milhões.
Esse cenário sugere que os investidores estrangeiros seguem seletivos em relação ao Brasil: ao mesmo tempo em que reforçam aportes em projetos de longo prazo e ativos de renda fixa, ainda demonstram cautela com a bolsa de valores (BMF:INDFUT | BMF:WINFUT), impactada pela volatilidade e pelo cenário de incertezas globais.
O desempenho da entrada de IDP acima das projeções dá suporte à visão positiva do Banco Central sobre a resiliência da economia brasileira. Embora os números negativos na bolsa de valores e nos fundos indiquem menor apetite por risco, o saldo expressivo em renda fixa mostra que o País continua atraindo capital, especialmente diante dos juros domésticos elevados. Em meio ao desempenho atual do Ibovespa (BMF:INDFUT | BMF:WINFUT), que tem oscilado em linha com o cenário global de aversão ao risco, esses fluxos reforçam a importância de acompanhar a dinâmica entre investimentos de longo prazo e capital de portfólio.
(estado,bc)