O Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) registrou alta de 0,16% em agosto, revertendo a queda de 1,65% observada em julho. Apesar da recuperação mensal, o índice ainda acumula retração de 1,27% no ano, enquanto nos últimos 12 meses apresenta avanço de 2,84%. No mesmo mês de 2024, o indicador havia subido 0,72% e acumulava alta de 4,26% em 12 meses.
“Sob influência das fortes altas registradas no minério de ferro entre julho e agosto — e, em menor intensidade, na soja em grão —, o IPA voltou a subir após cinco meses consecutivos de queda. No IPC, mesmo com deflação no grupo Alimentação, houve aceleração do índice, influenciada principalmente pelos grupos Saúde e Cuidados Pessoais e Despesas Diversas, este último com alta de 1,30%. Já no INCC, entre maio e junho, a aplicação de tarifas antidumping elevadas sobre resinas encareceu a produção de PVC, resultando em repasses mais expressivos para produtos derivados, como tubos e conexões, que registraram, em média, aumento de 13%.”, afirma Matheus Dias, economista do FGV IBRE.
IPA sobe 0,06% e inverte tendência de queda
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) registrou avanço de 0,06% em agosto, após queda expressiva de -2,42% em julho. Nos diferentes estágios de processamento, os Bens Finais reduziram o ritmo de desaceleração, de -0,90% em julho para -0,83% em agosto. O índice de Bens Finais (ex), que exclui alimentos in natura e combustíveis, também recuou em menor intensidade, de -0,52% para -0,38%.
Os Bens Intermediários caíram 0,64% em agosto, após queda de 1,29% no mês anterior. Já o índice de Bens Intermediários (ex), que desconsidera combustíveis e lubrificantes, apresentou recuo de 0,79%, menos intenso que a queda de 1,33% vista em julho. O estágio das Matérias-Primas Brutas mudou de direção, passando de queda de 4,21% em julho para alta de 1,16% em agosto.
IPC acelera 0,18% em agosto
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) avançou 0,18% em agosto, acelerando em relação ao aumento de 0,13% em julho. Quatro das oito classes de despesa tiveram variação positiva: Saúde e Cuidados Pessoais (0,04% para 0,78%), Despesas Diversas (0,17% para 1,30%), Comunicação (-0,26% para -0,01%) e Vestuário (-0,15% para 0,04%).
Já os grupos Educação, Leitura e Recreação (0,88% para -0,09%), Transportes (-0,12% para -0,27%) e Alimentação (-0,12% para -0,26%) recuaram. Habitação manteve estabilidade, repetindo a taxa de 0,49% do mês anterior.
INCC sobe 0,82%
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) subiu 0,82% em agosto, acima da taxa de 0,57% registrada em julho. O grupo Materiais e Equipamentos acelerou de 0,21% para 0,81%, enquanto Serviços desaceleraram de 1,21% para 0,95% e Mão de Obra caiu de 0,94% para 0,81%.
impactos no mercado
A leitura de agosto do IGP-10 mostra uma combinação de pressões vindas das commodities e da construção civil, refletindo diretamente nas expectativas de inflação. Para a bolsa de valores brasileira, o movimento pode trazer volatilidade em papéis de setores ligados a insumos básicos e construção, além de reforçar o debate sobre o ritmo da política monetária. No câmbio, a alta do índice pode manter pressão sobre a Paridade Dólar Americano e Real Brasileiro (FX:USDBRL), enquanto no mercado de juros futuros (BMF:DI1FUT), há espaço para ajustes nas curvas de expectativa.
relevância no cenário atual
Mesmo com a recuperação de agosto, o IGP-10 segue acumulando queda no ano. Isso indica que, apesar das pressões pontuais em commodities e insumos, a trajetória dos preços ainda não mostra uma tendência de aceleração persistente. Para os investidores, os números são relevantes porque ajudam a calibrar projeções para ativos ligados à inflação, como títulos indexados ao IPCA e ao próprio IGP.
(fgv)