Analistas do mercado financeiro projetam que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial, registre deflação em agosto. Os dados serão divulgados nesta terça-feira (26/08) pelo IBGE. Caso a expectativa se confirme, será a primeira variação negativa do índice desde julho de 2023, quando o resultado foi de -0,07%.
Os economistas Guilherme Sousa e Étore Sanchez, da Ativa Investimentos, estimam recuo de 0,15% neste mês. A casa também revisou sua projeção para a inflação de 2025, passando de 4,95% para 4,86%.
Já a Warren Investimentos calcula uma queda ainda mais acentuada, de 0,22% em agosto, com destaque para retrações em alimentos e bebidas (-0,80%), habitação (-2,60%), transportes (-0,41%) e vestuário (-0,65%). Em contrapartida, o levantamento aponta avanços em eletroeletrônicos (0,15%) e serviços (0,36%).
O Boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central, também confirmou a tendência de desaceleração. O relatório reduziu a previsão para a inflação de 2025 de 4,95% para 4,86%, marcando a 13ª semana consecutiva de queda nas expectativas. O centro da meta de inflação é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Em julho, o IPCA-15 havia registrado alta de 0,33%, acumulando 4,88% em 12 meses.
Fatores de pressão baixista
A Warren Investimentos detalhou quedas em alimentos como leguminosas (-2,67%), arroz (-3,0%) e feijão (-1,75%). O grupo de alimentos e bebidas já havia mostrado retração de 0,44% em julho, com destaque para os produtos in natura, em queda desde maio.
Outro fator relevante é a projeção de recuo de 6,75% nas tarifas de energia elétrica, reflexo do “bônus de Itaipu”. O benefício, resultado de saldo positivo da comercialização de energia da usina, deve gerar um desconto médio de R$ 11,59 nas faturas.
No grupo de transportes, a gasolina mantém trajetória de queda, com previsão de recuo de -0,65% em agosto. A nova política de IPI Verde deve reforçar o movimento.
Última deflação do IPCA-15
Em julho de 2023, o IPCA-15 havia recuado 0,07%, puxado por queda de 0,44% em alimentos e bebidas e de 0,08% em vestuário. Na ocasião, sete dos nove grupos pesquisados pelo IBGE apresentaram alta, mas não suficiente para evitar a variação negativa.
Impacto para o mercado
Uma deflação neste mês pode fortalecer a expectativa de manutenção de juros mais baixos no médio prazo, favorecendo a renda fixa e o câmbio, além de abrir espaço para maior apetite por risco na bolsa de valores brasileira. Para o investidor, a tendência reforça a importância de monitorar setores sensíveis ao consumo e ao crédito.
Relevância no cenário atual
A divulgação do IPCA-15 de agosto é aguardada com atenção pelos investidores, pois pode reforçar a percepção de alívio inflacionário em um momento em que a economia brasileira busca equilíbrio entre crescimento e controle de preços. Mesmo em cenário de deflação, os dados devem ser analisados com cautela, dado o impacto que podem ter nas expectativas de política monetária.