A taxa média de juros no crédito livre registrou leve recuo, passando de 45,5% em junho (dado revisado) para 45,4% em julho, de acordo com informações divulgadas pelo Banco Central nesta quarta-feira (27/08). No mesmo mês de 2024, a taxa estava em 39,8%, o que evidencia a alta acumulada no período de um ano.

No caso das pessoas físicas, o juro médio caiu de 58,4% (dado revisado) para 57,7%, enquanto para as empresas houve aumento, de 24,3% em junho para 25,0% em julho.

Entre as modalidades, o cheque especial recuou de 135,7% (dado revisado) para 133,8%. Já o crédito pessoal total apresentou queda, passando de 50,0% (dado revisado) para 49,1%. O crédito para aquisição de veículos também mostrou redução, de 27,6% para 27,3%.

No crédito total, que inclui operações livres e direcionadas — como aquelas com recursos da poupança e do BNDES —, a taxa média caiu de 31,6% (dado revisado) para 31,4%.

O Indicador de Custo de Crédito (ICC), que mede o volume de juros efetivamente pagos por consumidores e empresas em relação ao estoque de operações em andamento, oscilou de 23,2% para 23,3%.

Spreads seguem elevados

O spread médio no crédito livre passou de 31,7 pontos em junho (dado revisado) para 31,6 pontos em julho. O indicador mostra a diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e o valor final cobrado dos clientes.

No segmento de pessoas físicas, o spread caiu de 44,4 pontos (dado revisado) para 43,7 pontos. Para empresas, entretanto, houve alta, de 10,9 pontos para 11,6 pontos no período.

No crédito direcionado, que inclui operações subsidiadas com recursos da poupança e do BNDES, o spread caiu de 4,5 pontos (dado revisado) para 4,4 pontos. Já o spread total, que combina crédito livre e direcionado, recuou de 20,5 pontos (dado revisado) para 20,3 pontos.

Impactos esperados no mercado

O movimento de queda moderada nas taxas de juros de algumas linhas de crédito pode aliviar o custo de financiamento para consumidores e empresas, favorecendo a demanda por crédito e, consequentemente, a atividade econômica. Por outro lado, a elevação das taxas para empresas e o avanço do ICC reforçam o ambiente de cautela, com spreads ainda elevados, o que pode limitar a velocidade da recuperação no mercado de crédito. Esse cenário tende a influenciar a percepção de risco nos mercados de renda fixa e de câmbio, além de afetar a atratividade de setores listados na bolsa de valores que dependem intensamente de financiamentos, como varejo e construção civil.

Relevância no contexto atual

Mesmo sem uma cotação específica associada diretamente a essa notícia, os dados divulgados pelo Banco Central ajudam a compor o quadro de expectativas sobre a condução da política monetária no Brasil. Investidores acompanham de perto os indicadores de crédito, já que eles impactam a percepção de risco e podem influenciar o desempenho do Ibovespa (BOV:IBOV) e do contrato futuro de juros (BMF:DI1FUT), além da paridade Dólar Americano e Real Brasileiro (FX:USDBRL).