O primeiro leilão promovido pelo governo, voltado exclusivamente para a contratação de energia proveniente de pequenas e médias hidrelétricas, resultou na negociação de 815 megawatts (MW) de potência. Segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), divulgados nesta sexta-feira, o certame deverá destravar investimentos estimados em R$ 5,5 bilhões.

O preço médio dos contratos foi fixado em R$ 392,84 por megawatt-hora (MWh), representando um deságio de 3,16% em relação ao valor inicial estabelecido.

Na ponta compradora, a maior participação veio da Amazonas Energia, que deverá ter seu controle assumido pela Âmbar, empresa do grupo J&F. Também marcaram presença distribuidoras da Neoenergia (Celpe, Coelba e Cosern), Enel (Eletropaulo e Coelce), Energisa (Paraíba e Tocantins) e Light.

Tabela de participação no leilão:

Comprador Montante MWm Negociado (%)
Amazonas Energia 148,578 38,64%
Celpe 25,09 6,53%
Coelba 87,03 22,63%
Coelce 34,342 8,93%
Cosern 11,761 3,06%
Eletropaulo 30,657 7,97%
Energisa PB 7,841 2,04%
Energisa TO 7,841 2,04%
Light 31,362 8,16%

O certame contemplou centrais geradoras (CGHs), pequenas centrais (PCHs) e hidrelétricas (UHEs) com até 50 MW de capacidade instalada. Ao todo, foram 65 projetos vencedores, distribuídos principalmente nos submercados do Sul e Sudeste/Centro-Oeste, além de dois projetos localizados no Nordeste. Esses empreendimentos terão contratos de 20 anos e iniciarão a entrega de energia em janeiro de 2030.

A iniciativa integra a política pública de incentivo à expansão da fonte hidrelétrica no Brasil. Nesta semana, antes mesmo da realização do leilão, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, declarou que o país vive a “retomada” da indústria hidrelétrica, destacando uma expectativa de R$ 10 bilhões em investimentos no setor.

Originalmente, esse leilão foi desenhado para atender a uma determinação da lei de privatização da Eletrobras (BOV:ELET3 | BOV:ELET6), que previa a reserva de mercado para PCHs em certames de energia. No entanto, uma medida provisória editada neste ano redefiniu as regras, estabelecendo a contratação obrigatória de 3 gigawatts (GW) em leilões exclusivos de hidrelétricas.

Do ponto de vista de mercado, a contratação tende a reforçar a previsibilidade de receitas para empresas geradoras e, ao mesmo tempo, contribuir para a segurança energética nacional, ampliando a diversificação de projetos no setor elétrico. Isso pode impactar positivamente as ações de companhias ligadas à geração hidrelétrica, como a Eletrobras (BOV:ELET3 | BOV:ELET6 | NYSE:EBR), que se beneficiam de políticas de incentivo à fonte hídrica.

Mesmo sem impacto imediato nas cotações, o resultado do leilão é relevante para investidores, já que sinaliza novas oportunidades de crescimento no setor elétrico, ampliando a atratividade de empresas listadas na bolsa de valores.