Companhia mostra recuperação expressiva frente ao impacto das enchentes no RS em 2024 e destaca excelência na gestão de preços e custos; ações RENT3 fecham estáveis na bolsa de valores.

A Localiza Rent A Car (BOV:RENT3) apresentou um resultado sólido no segundo trimestre de 2025, revertendo o prejuízo de R$ 570 milhões registrado no mesmo período do ano passado e alcançando lucro líquido ajustado de R$ 768 milhões. O desempenho foi impulsionado por um Ebitda consolidado de R$ 3,293 bilhões, alta de 40,1% na comparação anual.

Em 2024, o resultado havia sido fortemente impactado pelas enchentes no Rio Grande do Sul e pelo ajuste a valor recuperável de veículos, que somaram R$ 386 milhões.

Segundo a companhia, ao desconsiderar esses efeitos, o avanço no Ebitda teria sido de 20,4%, enquanto a receita líquida cresceu 9,4%, para R$ 9,9 bilhões. “O desempenho reforça nossa excelência na execução e na gestão de preços e custos”, destacou a Localiza no comunicado aos investidores.

A receita de aluguéis cresceu 9,3%, alcançando R$ 4,7 bilhões, e a receita com Seminovos somou R$ 5,166 bilhões, alta de 9,5% — incluindo operações no México. Esse equilíbrio entre os dois segmentos reforça a estratégia da empresa de manter margens robustas e diversificação das receitas.

A Localiza é líder no segmento de aluguel de veículos e gestão de frotas na América Latina, com operações no Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Equador, México, Paraguai e Uruguai. Seu modelo de negócios combina locação de carros, venda de seminovos e soluções corporativas para empresas, disputando mercado com empresas como Movida (BOV:MOVI3) e Unidas.

Investidores podem acompanhar a evolução da Localiza e outros ativos listados na página de cotações da RENT3, além de acessar gráficos atualizados, discussões no fórum e indicadores financeiros.

VISÃO DO MERCADO

A locadora Localiza divulgou na noite da última segunda-feira (11) os resultados do segundo trimestre de 2025, que vieram ligeiramente acima das expectativas do mercado. Por volta das 12h03 desta terça-feira, as ações da companhia avançavam 1,50%, cotadas a R$ 35,10.

O Itaú BBA avaliou o resultado como ligeiramente positivo, destacando que receita líquida e EBITDA ficaram em linha com as projeções, enquanto o lucro líquido ajustado alcançou R$ 768 milhões — 5% acima do previsto, impulsionado por resultados financeiros líquidos melhores do que o esperado. Contudo, o banco mantém cautela quanto ao desempenho futuro da empresa, considerando que as estimativas para o lucro líquido em 2026 variam entre R$ 3,7 bilhões e R$ 3,9 bilhões, abaixo dos mais de R$ 4 bilhões projetados anteriormente. O BBA também alerta para riscos decorrentes do aumento da depreciação, margens reduzidas no segmento de seminovos, cenário de queda nos preços dos veículos e ambiente macroeconômico desafiador.

Atualmente, a Localiza é negociada a cerca de 10 vezes o lucro projetado para 2026, baseado num lucro estimado em R$ 3,7 bilhões. Por isso, o Itaú BBA mantém recomendação de compra, com preço-alvo em R$ 53.

O BTG Pactual destacou que o lucro líquido do trimestre ficou um pouco acima do esperado, com margens fortes no segmento de aluguel de carros (RAC), que atingiu 67%, sustentadas por tarifas diárias mais altas e renovação da frota, compensando volumes mais baixos. No setor de seminovos, a receita ficou em R$ 5,1 bilhões, com volume estável na base anual, mas queda trimestral influenciada pelo decreto do IPI Sustentável, publicado em julho — fato que já acelerou as vendas no mês seguinte. A empresa anunciou ainda um impairment entre R$ 800 milhões e R$ 1 bilhão previsto para o terceiro trimestre, equivalente a 1,5% a 1,9% do valor da frota. Apesar da melhora das margens, a incerteza sobre os preços dos usados permanece um ponto crítico para a confiança dos investidores. O BTG reiterou recomendação de compra, com preço-alvo em R$ 56, e projeta recuperação para o segundo semestre de 2025.

Já o Bradesco BBI ressaltou a expansão das margens dos segmentos RAC Brasil e Gestão de Frotas (GTF), que cresceram 1,3 e 1,0 ponto percentual, respectivamente, enquanto a margem de seminovos recuou 0,4 ponto. A companhia registrou uma baixa não caixa de R$ 937 milhões relacionada a impostos diferidos sobre prejuízos fiscais da Locamérica. O BBI também destacou que a depreciação anualizada por veículo aumentou 3,5% no RAC e 2,4% na GTF, refletindo elevação da depreciação como percentual do valor do carro. A superação das expectativas veio principalmente das margens de RAC e GTF, despesas financeiras líquidas menores e depreciação controlada, não pela taxa efetiva de imposto de renda.

O volume de seminovos caiu 8% em relação ao trimestre anterior devido ao impacto do programa IPI Sustentável, mas as vendas aceleraram em julho, tornando-se um dos meses mais fortes do ano. O BBI ainda destacou que o spread do retorno sobre capital investido (RoIC) ficou em 4,1 pontos percentuais no primeiro semestre de 2025, acima dos 3,1 pontos em 2024, porém abaixo dos 4,4 pontos do primeiro trimestre.

O Bradesco manteve classificação outperform para a Localiza, com preço-alvo de R$ 56 para o final de 2026.

A Ativa Investimentos apontou que a receita da Localiza somou R$ 9,9 bilhões no trimestre, alta de 9,4% na comparação anual, alinhada às estimativas e impulsionada pela recomposição das tarifas. A frota total da empresa se manteve praticamente estável, com cerca de 633 mil veículos.

O EBITDA atingiu R$ 3,3 bilhões, crescimento de 40,2% ano a ano, influenciado principalmente por efeitos não recorrentes relacionados a enchentes no Rio Grande do Sul e ajuste a valor recuperável do segundo trimestre de 2024. Excluindo esses efeitos, o ganho de EBITDA seria de 20,4% em relação ao ano anterior.

O EBIT foi de R$ 2 bilhões, afetado na comparação anual por depreciação adicional e impairment registrados no 2T24. O lucro líquido ajustado ficou em R$ 768 milhões, superando as expectativas da Ativa, mesmo com uma baixa contábil de R$ 169 milhões no período, causada por baixa de créditos tributários relacionados à incorporação da Locamérica, sem impacto em caixa.

Por fim, a XP Investimentos ressaltou que a Localiza superou levemente as expectativas de lucro, com crescimento anual de 29%. No entanto, o segmento de aluguel de carros teve crescimento reduzido, com queda nos volumes e desaceleração das tarifas, reflexo dos desafios econômicos atuais. A margem EBITDA no segmento RAC surpreendeu positivamente, beneficiada pela redução dos custos de manutenção, enquanto o setor de seminovos enfrentou dificuldades, com vendas abaixo do ideal e margens menores, mas com sinais de recuperação em julho.