Resultado é impactado por menor moagem de cana e dificuldades na operação argentina da Raízen, com reflexos imediatos nas ações na bolsa de valores.
A Cosan S.A. (BOV:CSAN3) divulgou nesta sexta-feira (15/08) os resultados do segundo trimestre de 2025 (2T25), registrando prejuízo líquido de R$ 946 milhões — um salto negativo frente à perda de R$ 227 milhões do mesmo período de 2024. O desempenho foi fortemente pressionado pelo menor resultado de equivalência patrimonial, sem os efeitos positivos extraordinários contabilizados no 2T24.
A receita operacional líquida consolidada atingiu R$ 10,478 bilhões, representando queda de 2% na comparação anual. Já o EBITDA sob gestão recuou 17%, totalizando R$ 6,024 bilhões.
Segundo a companhia, a retração é explicada, principalmente, pelo desempenho mais fraco da Raízen, afetada por menor moagem de cana, queda na produtividade agrícola e problemas pontuais na operação de combustíveis na Argentina.
O resultado financeiro líquido no período foi uma despesa de R$ 657 milhões, R$ 860 milhões inferior ao segundo trimestre de 2024, explicado pela redução do custo da dívida e do impacto negativo do TRS inferior ao do período comparativo, assim como pela variação cambial positiva e pelo maior rendimento das aplicações financeiras. Quando comparado com o 1T25, a variação positiva de R$ 63 milhões é explicada pelos custos das captações que impactaram o primeiro trimestre do ano.
A dívida bruta da Cosan Corporativo, no trimestre, foi de R$ 21,5 bilhões, inferior em R$ 4,1 bilhões frente o 2T24 e em linha com o 1T25, capturando as eficiências das ações de liability management ocorridas nos últimos meses, com redução do custo médio de dívida de CDI+0,91% para CDI+0,88% (vs CDI + 1,41% no 2T24) e manutenção do prazo médio acima de 6 anos. Em relação a dívida líquida do período, a Cosan Corporativo encerrou em R$ 17,5 bilhões, estável quando comparado com o trimestre imediatamente anterior.
O cenário reforça o desafio da Cosan em um momento de volatilidade para o setor de energia e biocombustíveis na bolsa de valores, que enfrenta oscilações de demanda e pressões climáticas. Além disso, o resultado mostra que a diversificação de negócios do grupo, apesar de robusta, ainda sofre forte influência das operações da Raízen, seu principal braço.
No pregão desta sexta-feira (15/08), as ações CSAN3 eram negociadas a R$ 5,46 às 15h07, com alta de 1,11% em relação ao fechamento anterior (R$ 5,40). No dia, os papéis oscilaram entre a mínima de R$ 5,29 e a máxima de R$ 5,58, refletindo reação cautelosa do mercado diante dos números divulgados.
A Cosan é um dos maiores grupos empresariais do Brasil, com atuação nos setores de energia, logística, infraestrutura e agronegócio. Entre suas controladas estão empresas como Raízen, Compass, Moove e Rumo, que figuram entre líderes de mercado em seus segmentos.
Para investidores, o resultado acende sinal de alerta para o desempenho de curto prazo das ações CSAN3, mas também pode abrir espaço para oportunidades de compra caso o mercado antecipe recuperação operacional nos próximos trimestres.