O governo do presidente da Argentina, Javier Milei, enfrentou um revés político na quinta-feira (21/08), quando o Senado rejeitou uma série de decretos presidenciais e, ao mesmo tempo, aprovou aumentos orçamentários para universidades públicas. A decisão contraria a estratégia de austeridade rigorosa defendida por Milei, que tem buscado controlar a inflação no país bloqueando qualquer proposta legislativa que pressione ainda mais as contas do Estado.

Entre as medidas aprovadas, os senadores autorizaram o financiamento adicional para universidades nacionais, incluindo um reajuste nos salários de professores e servidores. Também foi debatida a ampliação do orçamento da saúde por meio da criação de uma emergência pediátrica válida por dois anos.

Durante a sessão, a senadora Alejandra Vigo, da aliança peronista de oposição, destacou: “A universidade pública argentina é parte de nossa identidade nacional, e defendê-la é uma decisão para o futuro”.

A reação de Milei veio em tom firme. O presidente declarou que vetará qualquer lei que implique aumento nas despesas públicas, reafirmando seu compromisso com a disciplina fiscal.

O Senado ainda rejeitou cinco decretos presidenciais que tinham como objetivo reduzir a estrutura do Estado, o que representa um golpe significativo ao ajuste fiscal promovido pelo governo desde que Milei assumiu o cargo em dezembro de 2023.

Esse embate político aprofunda a incerteza em torno da economia argentina. A rejeição dos decretos pode enfraquecer a confiança de investidores no compromisso do governo com o equilíbrio fiscal, enquanto a aprovação dos aumentos de gastos tende a pressionar as contas públicas e aumentar o risco de volatilidade na bolsa de valores argentina, no câmbio e nos títulos soberanos do país.

No atual contexto do mercado financeiro, a decisão do Senado pode trazer impactos relevantes sobre a percepção de risco da Argentina, num momento em que investidores acompanham de perto cada movimento da gestão Milei. A notícia ganha peso adicional diante da fragilidade econômica do país, reforçando a atenção do mercado para possíveis desdobramentos políticos e fiscais.