Lucro líquido da Suzano supera expectativas e reverte prejuízo; empresa também eleva projeção de investimentos, após fechar acordo com a Eldorado Brasil Celulose
Data e hora: 07/08/2025 às 18h35
A Suzano (BOV:SUZB3), uma das gigantes do setor de papel e celulose na bolsa de valores brasileira, divulgou nesta quarta-feira (06/08) um lucro líquido de R$ 5,01 bilhões no segundo trimestre de 2025, revertendo o prejuízo de R$ 3,77 bilhões registrado no mesmo período do ano anterior. O resultado veio bem acima da projeção do mercado, que esperava R$ 3,97 bilhões, segundo dados da LSEG.
A forte recuperação dos resultados reflete não apenas o controle de custos e a estratégia operacional da companhia, mas também um ambiente favorável para exportações, com a desvalorização do real impulsionando as receitas externas. Em meio a esse cenário, a Suzano aproveitou para revisar para cima sua projeção de investimentos (capex) para o ano: agora são esperados R$ 13,3 bilhões, ante R$ 12,4 bilhões anteriormente estimados.
O aumento se deve, principalmente, ao contrato firmado com a Eldorado Brasil Celulose, no qual a Eldorado cede à Suzano cerca de 18 milhões de metros cúbicos de madeira em pé, no Mato Grosso do Sul, com colheita entre 2025 e 2027. A contrapartida será o pagamento de R$ 1,317 bilhão.
A receita líquida da Suzano no 2T25 foi de R$ 13.296 milhões, sendo 83% gerada no mercado externo (vs. 81% no 1T25 e 80% no 2T24). Em relação ao 1T25, o aumento de 15% é explicado pelos maiores volumes de vendas de celulose (+23%) e papel (+5%). Esse efeito foi parcialmente compensado pela desvalorização do USD médio frente ao BRL médio (+3%) e pela queda do preço do papel no mercado externo (-4%).
Apesar do lucro robusto, o Ebitda ajustado da Suzano recuou 3% em relação ao 2T24, totalizando R$ 6,09 bilhões. Ainda assim, o desempenho financeiro foi considerado positivo pelo mercado, diante do forte resultado final e do controle de endividamento da companhia.
As vendas de celulose da Suzano aumentaram 23% na comparação com o trimestre anterior, em função principalmente da elevação dos volumes para a Ásia e América do Norte, totalizando 3.269 mil toneladas. Em relação ao 2T24, a elevação foi de 28%, com destaque para os aumentos observados na Ásia, suportados pelo maior volume produzido a partir da nova operação de Ribas do Rio Pardo.
O preço líquido médio em USD da celulose comercializada pela Suzano foi de US$ 555/t, em linha com o 1T25 e uma redução de 20% em relação ao 2T24. No mercado externo, o preço médio líquido realizado pela Companhia também ficou em US$ 555/t, estável em relação ao 1T25 e 21% inferior ao 2T24. O preço líquido médio em reais foi de R$ 3.147/t no 2T25, 3% inferior ao 1T25, em função da desvalorização do USD médio vs. o BRL médio (3%). Em relação ao 2T24, a queda de 13% ocorreu em função da queda do preço médio líquido em USD, apesar da valorização do USD médio vs. o BRL médio (9%).
As vendas de papel da Suzano (imprimir & escrever, papelcartão e tissue) no mercado brasileiro totalizaram 235 mil toneladas no 2T25, aumento de 6% em relação ao trimestre anterior, motivada pelo desempenho dos segmentos de papel não-revestido, cut size e papelcartão, em linha com a variação de mercado.
As vendas de papel nos mercados internacionais totalizaram 177 mil toneladas, representando 43% do volume total de vendas no 2T25. O aumento de 5% em relação ao 1T25 foi resultado do aumento das exportações das operações do Brasil, que compensaram a redução nas vendas da Suzano Packaging, em razão da parada geral realizada em abril.
O Fluxo de Caixa Livre Ajustado foi de R$ 2.622 milhões no 2T25, em comparação a R$ 2.505 milhões no 1T25 e a R$ 1.922 milhões no 2T24.
Em 30 de junho de 2025, a dívida líquida era de R$ 70,8 bilhões (US$ 13,0 bilhões) versus R$ 74,2 bilhões (US$ 12,9 bilhões) observados em 31 de março de 2025. Para mais detalhes, consulte a seção Evolução da Dívida Líquida. O índice de alavancagem financeira medido pela relação dívida líquida/EBITDA Ajustado em BRL ficou em 3,0x em 30 de junho de 2025 (3,1x em 30/03/2025). Esse mesmo indicador, apurado em USD (medida estabelecida na política financeira da Suzano), aumentou para 3,1x em 30 de junho de 2025 (3,0x em 31/03/2025).
No 2T25, os investimentos de capital (em regime caixa) totalizaram R$ 3.180 milhões. A redução de 10% em relação ao 1T25, ocorreu principalmente em função: dos menores gastos com manutenção florestal devido a um 2T25 com menor volume de pagamentos em ativos e madeira, de acordo com o cronograma dos projetos; e dos menores desembolsos relacionados ao Projeto Cerrado, em linha com seus cronogramas de desembolso.
A ação SUZB3 encerrou o pregão desta quarta-feira (07/08) estável, cotada a R$ 51,62, mantendo o mesmo patamar de fechamento do dia anterior. Ao longo do dia, os papéis oscilaram entre a mínima de R$ 49,15 e a máxima de R$ 51,62, refletindo uma leitura mista por parte dos investidores, que agora aguardam os desdobramentos da estratégia de crescimento.
A Suzano atua na produção de celulose de eucalipto e de papel, sendo uma das maiores exportadoras brasileiras. Seus principais concorrentes incluem Klabin (BOV:KLBN11), CMPC (SSE:CMPC) e International Paper (NYSE:IP). Seus produtos estão presentes em mais de 100 países, o que torna seu desempenho diretamente sensível às condições do mercado global.
VISÃO DO MERCADO
As ações da Suzano subiam 5% por volta das 14h desta quinta-feira (7), negociadas a R$ 54,20, impulsionadas por resultados sólidos no 2T25, revisões estratégicas e sinais de melhora no mercado asiático de celulose.
O Ebitda ajustado alcançou cerca de R$ 6,1 bilhões, alta de 25% frente ao trimestre anterior, embora ainda 3% abaixo do registrado no mesmo período de 2024. O número veio alinhado ao consenso de mercado.
Segundo o Bradesco BBI, a divisão de celulose se destacou com aumento de 23% nos volumes vendidos, reflexo de comparações mais fáceis, já que o trimestre anterior foi marcado por paradas de manutenção e acúmulo de estoques. O custo caixa por tonelada caiu 3%, para R$ 832, puxado pela maior diluição de custos fixos.
O Itaú BBA reiterou recomendação outperform, com preço-alvo de R$ 63, destacando desempenho superior na área de papel — onde volumes foram maiores e os custos, menores. Na celulose, os preços ficaram estáveis, mas os volumes subiram e os custos seguiram em queda. A geração de caixa operacional ajustada somou R$ 2,6 bilhões, enquanto a alavancagem financeira em dólar subiu levemente para 3,1 vezes, refletindo o Ebitda mais fraco nos últimos 12 meses.
Mesmo diante de um cenário desafiador, a Suzano decidiu operar 3,5% abaixo de sua capacidade nominal nos próximos 12 meses, com produção estimada em 13 milhões de toneladas. Ainda assim, o BBA mantém projeção de 12,4 milhões para 2026.
A XP Investimentos classificou o resultado como neutro, com Ebitda ajustado 5% acima do projetado pela corretora e 2% acima do consenso. A alavancagem líquida subiu para 3,1 vezes, influenciada pela queda de preços da celulose, que passaram de US$ 700 para US$ 550 por tonelada no comparativo anual.
A divisão de celulose gerou R$ 4,25 bilhões em Ebitda ajustado — queda de 26% no trimestre. Ainda assim, houve alta de 23% nas vendas, compensando parcialmente a redução de preços e a valorização do real. Custos menores com soda cáustica, gás natural e transporte também ajudaram o resultado. Já a divisão de papel teve avanço de 16% no Ebitda, puxado por exportações e custos controlados.
O Bradesco BBI também mantém recomendação outperform, com preço-alvo de R$ 75, e reforça preferência pela concorrente Klabin (KLBN11). O banco espera produção de 12,4 milhões de toneladas em 2025 e 12,9 milhões em 2026, mas ainda aguarda maior visibilidade para revisar os números.
O Morgan Stanley destacou que o Ebitda ajustado ficou 9% acima do previsto, com embarques de celulose superando as estimativas em 7%. O lucro por ação normalizado foi de R$ 4,05, acima dos R$ 3,58 esperados, e o fluxo de caixa operacional atingiu R$ 4,34 bilhões. A alavancagem líquida em reais caiu para 3,0 vezes.
O Santander, que também recomenda outperform (preço-alvo: R$ 80), observou recuperação da demanda, puxada pela unidade de Ribas do Rio Pardo, e estabilidade no preço da celulose em US$ 555/t. A redução da produção de celulose é vista como estratégia da Suzano para proteger margens em um ambiente competitivo na Ásia.
Nesse contexto, a companhia comunicou a clientes asiáticos — incluindo a China — um reajuste de US$ 20 por tonelada nos preços da celulose, com efeito imediato para pedidos de agosto, segundo fonte ouvida pela Reuters.
O Itaú BBA classificou o movimento como positivo:
“A empresa citou a forte carteira de pedidos da Ásia desde junho como o motivo para a mudança, que por sua vez está relacionada ao início de um movimento de reposição de estoques na região. Todos os olhares estão agora voltados para o sucesso da implementação deste aumento.”
Por fim, o aumento do CAPEX para R$ 13,3 bilhões em 2025 inclui o acordo com a Eldorado, envolvendo a troca de ativos florestais. A Suzano receberá 18 milhões de m³ de madeira em pé, com pagamentos previstos de R$ 878 milhões em 2025 e R$ 439 milhões em 2026. Em troca, entregará madeira imatura a ser colhida entre 2028 e 2031.