O Banco do Japão (BoJ) decidiu nesta sexta-feira (19/09) manter sua taxa de juros em 0,5% ao ano pela quinta reunião consecutiva, reforçando a postura cautelosa diante das condições econômicas. O presidente da instituição, Kazuo Ueda, destacou que um eventual aumento de juros dependerá diretamente da melhora da economia e dos preços.
Logo após a decisão, o BoJ surpreendeu ao anunciar que iniciará a venda de suas participações em ações, um movimento interpretado como um passo firme na normalização da política monetária e também como sinal de maior confiança no desempenho da economia japonesa.
O banco informou que pretende reduzir gradualmente suas posições em fundos negociados em bolsa (ETFs), adquiridos durante o período de forte estímulo monetário para combater a deflação. O plano prevê a liberação anual de cerca de 330 bilhões de ienes (aproximadamente US$ 2,23 bilhões) em ETFs, com base no valor contábil.
Além disso, a autoridade monetária indicou que poderá ajustar o ritmo dessas vendas em reuniões futuras, sempre com o compromisso de reduzir o impacto negativo nos mercados financeiros. Também está prevista a alienação de aproximadamente 5 bilhões de ienes em fundos de investimento imobiliário.
“Iniciaremos as vendas de ETFs assim que as preparações necessárias estiverem concluídas”, declarou Ueda, em coletiva de imprensa. Ele reforçou que não há planos para retomar compras desses ativos no futuro.
No cenário internacional, Ueda ressaltou que a economia norte-americana segue “sólida” até o momento e avaliou que o acordo comercial entre Estados Unidos e Japão “reduz a incerteza econômica”.
A notícia reforça a transição da política monetária japonesa para um estágio de maior normalização, o que pode influenciar a percepção de risco global. A venda de ETFs pode provocar ajustes de curto prazo na bolsa de valores de Tóquio, no câmbio do iene frente ao dólar (FX:USDJPY) e nos títulos soberanos do Japão, mas também sinaliza solidez da economia doméstica.
Embora a decisão não esteja diretamente ligada a ativos negociados na B3, a sinalização do BoJ tem relevância no contexto global, já que influencia o fluxo de capitais internacionais e a percepção de risco dos investidores em mercados emergentes como o Brasil.
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