Os consumidores brasileiros de energia elétrica terão um peso extra no orçamento em 2025: serão desembolsados R$ 103,6 bilhões em custos relacionados a ineficiências do setor e subsídios que encarecem a conta de luz. O levantamento foi divulgado nesta quinta-feira (11/09) pela Associação Brasileira de Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres (Abrace Energia).
Segundo a entidade, de cada R$ 100 pagos, R$ 26 não trazem benefício direto para empresas ou famílias. “Temos que parar de estragar a nossa energia limpa e barata no país”, destacou Paulo Pedrosa, presidente da Abrace Energia.
O cálculo considera não apenas a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que deve somar R$ 44,4 bilhões neste ano, mas também custos classificados como “ocultos”. Entre eles estão perdas não técnicas — como ligações clandestinas e adulteração de medidores —, receitas irrecuperáveis ligadas à inadimplência e o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). Só esses encargos extras chegam a R$ 59,2 bilhões.
Para a Abrace Energia, esse cenário cria um círculo vicioso: quanto mais os subsídios aumentam, maior é o volume de tributos pagos, já que a cobrança de impostos também incide sobre esses custos. “Quanto mais eles sobem, mais o consumidor paga em tributos, já que os impostos incidem, proporcionalmente, sobre esses subsídios”, ressalta o levantamento.
O governo federal afirma que busca reduzir os preços da energia, mas enfrenta dificuldades em aprovar no Congresso medidas estruturais que enxuguem os encargos do setor elétrico. Uma Medida Provisória (MP) enviada para limitar o crescimento da CDE está em tramitação e pode perder a validade em novembro, caso não seja votada.
Paulo Pedrosa fez um alerta sobre o risco de perda da competitividade do Brasil em relação ao mercado internacional. “O Trump presidente dos EUA virou o jogo, favorecendo a energia barata nos Estados Unidos, com shale gas gás natural não convencional. Nesse novo jogo, o Brasil pode ser um vencedor, porque aqui a nossa energia limpa pode ser barata. Então deveríamos ter uma estratégia de desenvolvimento no país, usando a energia limpa e barata para produzir produtos verdes”, afirmou o presidente da Abrace Energia.
A entidade defende medidas como a suspensão da contratação de novas usinas ineficientes, a revisão de contratos não executados e a descontratação de projetos que não tragam direitos adquiridos, de modo a reduzir os custos do setor.
Embora não haja impacto imediato em ações específicas de empresas, o alerta da Abrace Energia pressiona o setor elétrico como um todo e pode influenciar os preços de ativos de companhias de geração e distribuição listadas na bolsa de valores, além de afetar a percepção de risco regulatório dos investidores.
No contexto atual do mercado financeiro, em que investidores buscam previsibilidade regulatória e custos menores de energia para estimular a competitividade industrial, o relatório da Abrace reforça a necessidade urgente de reformas no setor.
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