A taxa de desemprego no Brasil caiu para 5,6% no trimestre móvel encerrado em julho, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta terça-feira (16/09) pelo IBGE. O resultado marca o menor nível em mais de dez anos e confirma a trajetória de fortalecimento do mercado de trabalho.
No levantamento anterior, referente ao trimestre encerrado em junho, o desemprego estava em 5,8%, então mínima histórica. Na comparação com o trimestre móvel anterior (6,6%), houve recuo de 1 ponto percentual, enquanto frente ao mesmo período de 2024 (6,9%) a queda foi de 1,2 ponto percentual.
O número de brasileiros sem trabalho recuou para 6,118 milhões de pessoas, o menor contingente desde o último trimestre de 2013 (6,100 milhões). Já a população ocupada bateu novo recorde, alcançando 102,4 milhões de trabalhadores. A população desalentada, que representa aqueles que desistiram de procurar emprego, caiu para 2,7 milhões — redução de 11% no trimestre (332 mil pessoas a menos) e de 15% no ano (475 mil pessoas a menos).
Para William Kratochwill, analista do IBGE, “esses indicadores demonstram que as pessoas que deixaram a população desocupada não estão se retirando da força de trabalho ou caindo no desalento, elas estão realmente ingressando no mercado de trabalho, o que é corroborado pelo recorde na ocupação”.
O nível de ocupação manteve-se em patamar recorde, com 58,8% da população em idade ativa empregada. O número de trabalhadores com carteira assinada também atingiu marca histórica, chegando a 39,1 milhões.
Outro dado relevante foi o rendimento médio real, que alcançou R$ 3.484 no período, novo recorde. O crescimento foi de 1,3% em relação ao trimestre anterior e de 3,8% frente ao mesmo período de 2024. Já a massa de rendimentos do trabalho avançou para R$ 352,3 bilhões, também recorde, com altas de 2,5% (R$ 8,6 bilhões) no trimestre e 6,4% (R$ 21,3 bilhões) em um ano.
O economista André Perfeiro avalia que os números revelam força no mercado de trabalho, mas ao mesmo tempo podem restringir o espaço para cortes na taxa Selic. “Salários em alta mantém o custo de serviços em alta e esta é a variável chave da análise da maioria dos economistas e do Banco Central para avaliar os componentes subjacentes da inflação”, afirma.
A decisão do Banco Central sobre a Selic será divulgada nesta quarta-feira (17/09). Apesar dos sinais de desaceleração gradual da economia, a resiliência do emprego tem sido destacada pela autoridade monetária como fator de atenção. A expectativa majoritária é de manutenção da taxa no atual patamar de 15%.
O dado de julho estava inicialmente previsto para o final de agosto, mas sua divulgação foi adiada devido a ajustes técnicos. Os números referentes ao trimestre encerrado em agosto serão publicados em 30 de setembro.
Do ponto de vista dos mercados, a redução do desemprego e o avanço da renda podem gerar reflexos importantes. A renda em alta tende a estimular o consumo, favorecendo setores listados na bolsa de valores, especialmente varejo e serviços. Por outro lado, a perspectiva de juros mais altos por mais tempo pressiona empresas dependentes de crédito e pode trazer volatilidade para os contratos futuros de Ibovespa (BMF:INDFUT | BMF:WINFUT), de dólar (BMF:DOLFUT | BMF:WDOFUT) e de juros (BMF:DI1FUT).
Embora os dados não estejam diretamente ligados a um ativo específico, o resultado reforça o peso do mercado de trabalho nas projeções para inflação e política monetária, aumentando a relevância desse indicador no cenário atual da bolsa de valores e no câmbio.
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