Companhias anunciaram a rescisão do acordo após meses sem avanços; Azul segue em Chapter 11 nos Estados Unidos, enquanto Gol tenta reduzir prejuízos e consolidar posição na bolsa de valores.
A Gol Linhas Aéreas Inteligentes (BOV:GOLL54) e a Azul (BOV:AZUL4) confirmaram na noite de quinta-feira (25/09) o fim das negociações para uma possível fusão e, de quebra, anunciaram também a rescisão do acordo de codeshare firmado em 2024. A decisão encerra as expectativas de criação da maior companhia aérea do Brasil e movimenta os investidores na bolsa de valores.
As conversas começaram em janeiro, com apoio da Abra, controladora da Gol, mas não avançaram devido ao foco da Azul em seu processo de Chapter 11 nos Estados Unidos. Segundo a holding, “as partes não tiveram discussões significativas ou progrediram em uma possível operação de combinação de negócios por vários meses”.
Apesar da desistência, ambas as empresas garantiram que todos os bilhetes emitidos dentro da parceria serão honrados. O anúncio também ocorre após o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) ter alertado, em setembro, sobre os riscos de comunicações prematuras sobre fusões ou aquisições sem formalização regulatória.
Se confirmada, a união teria colocado a nova companhia à frente da Latam no mercado doméstico. Hoje, segundo dados da Anac de agosto, a Latam lidera com 41,1% de participação, seguida pela Gol (30,1%) e Azul (28,4%).
No segundo trimestre de 2025, a Azul reportou lucro líquido de R$ 1,29 bilhão, revertendo prejuízo bilionário do mesmo período de 2024. Já a Gol reduziu perdas, mas ainda fechou o trimestre com prejuízo de R$ 1,5 bilhão, mesmo após ter saído da recuperação judicial em junho.
As ações da Azul (BOV:AZUL4) encerraram o pregão desta quinta-feira (25/09) cotadas a R$1,05, estáveis em relação ao fechamento anterior. Já os papéis da Gol (BOV:GOLL54) também permaneceram inalterados, fechando a R$5,65. A ausência de volatilidade no pregão de hoje sugere que o mercado já precificava o fim da fusão, mas analistas especulam que os desdobramentos poderão afetar a performance das ações na próxima semana.
A Azul atua no transporte aéreo de passageiros e cargas, com forte presença em rotas regionais, enquanto a Gol mantém o foco no mercado doméstico e em rotas estratégicas na América do Sul. Ambas enfrentam concorrência acirrada da Latam, líder do setor no Brasil.
Com o fim da fusão, os investidores devem acompanhar de perto os próximos movimentos das aéreas brasileiras e os impactos dessa decisão na concorrência do setor.