Economistas do Deutsche Bank alertam que as recentes melhorias na produtividade dos EUA podem não aliviar totalmente as pressões sobre os preços, principalmente devido ao crescimento populacional mais lento e às tarifas amplas, o que pode restringir a capacidade do Federal Reserve de reduzir as taxas de juros.
Em nota, pesquisadores liderados por Matthew Luzzetti destacaram que o crescimento da produtividade nos últimos dois anos marcou sua maior expansão desde o final da década de 1990.
“O cenário de um mercado de trabalho historicamente apertado nos últimos anos, combinado com a promessa de inovações da implementação da inteligência artificial, sustenta um forte crescimento da produtividade no futuro”, escreveu a equipe do Deutsche Bank.
Eles fizeram comparações com a década de 1990, quando os avanços na tecnologia da informação e comunicação impulsionaram um aumento de produtividade sem desencadear inflação.
Na época, o então presidente do Fed, Alan Greenspan, citou ganhos de produtividade como justificativa para evitar aumentos rápidos nas taxas de juros. A economia americana alcançou então um crescimento real do PIB consistente de 4%, “na meta de inflação ou abaixo dela”, e menor desemprego, de acordo com os pesquisadores.
No entanto, o Deutsche Bank observou que vários fatores hoje são “menos favoráveis” do que na década de 1990, incluindo uma desaceleração na oferta de mão de obra nos EUA e no mundo. O envelhecimento da população e as políticas de imigração mais rigorosas do presidente americano Donald Trump têm afetado as taxas de participação na força de trabalho.
As tarifas mais altas de Trump também podem aumentar as pressões inflacionárias no curto e médio prazo, pois podem “incentivar uma mudança em direção a uma produção menos eficiente”.
“Dessa forma, embora o cenário do mercado de trabalho e da IA seja favorável à continuidade dos fortes ganhos de produtividade, um afastamento da globalização poderia neutralizar alguns desses benefícios”, afirma a nota. “Os benefícios das pressões desinflacionárias poderiam, por sua vez, ser mais limitados.”
Os pesquisadores recomendaram cautela ao traçar paralelos diretos entre hoje e o final da década de 1990, alertando contra a suposição de que ganhos de produtividade semelhantes justificariam uma postura moderada do Fed.
No início deste mês, o Federal Reserve cortou as taxas de juros pela primeira vez desde dezembro, citando a necessidade de equilibrar o arrefecimento do mercado de trabalho com a inflação persistente. Embora taxas mais baixas possam estimular contratações e investimentos, elas também trazem o risco de aumentar a pressão de alta sobre os preços.
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