O primeiro-ministro da França, François Bayrou, sofreu uma dura derrota política nesta segunda-feira (08/09), ao perder o voto de confiança no Parlamento francês após não conseguir aprovar o orçamento do governo para 2026. Foram 364 votos contrários contra apenas 194 favoráveis, um revés que aprofunda a instabilidade no governo do presidente Emmanuel Macron.
Após a decisão, o gabinete de Bayrou informou que ele apresentará sua carta de renúncia a Macron na manhã desta terça-feira (09/09). O Palácio do Eliseu adiantou que o sucessor será anunciado “nos próximos dias”. Bayrou foi o quarto premiê francês em menos de dois anos — seu antecessor, Michel Barnier, também caiu pela mesma razão.
Ainda não está definido se Macron dissolverá o Parlamento para convocar novas eleições. O presidente já declarou que não pretende renunciar, mas poderá buscar uma nova coalizão minoritária para tentar manter a governabilidade.
Antes da votação, Bayrou defendeu seu governo e alertou para os riscos fiscais que a França enfrenta: “Membros do Parlamento, vocês têm o poder de derrubar o governo, mas não têm o poder de apagar a realidade. A questão vital, a questão de vida ou morte, onde nossa própria sobrevivência está em jogo… é a questão de controlar nossos gastos, é a questão do superendividamento. Nosso país tem uma necessidade urgente de lucidez, tem a necessidade mais urgente de unidade. Mas é a divisão que ameaça prevalecer, que ameaça sua imagem e reputação“.
Do outro lado, a líder da extrema direita, Marine Le Pen, criticou duramente tanto Bayrou quanto Macron. Para ela, a instabilidade reflete anos de má gestão: “É uma época em que os responsáveis são forçados a revelar os resultados desastrosos de cinco décadas de gestão perdulária. O lamentável espetáculo de um colapso para o país, um desastre para o povo francês. As consequências afetarão as gerações futuras da nação. O país vive uma crise social latente que pode eclodir a qualquer momento“.
A saída de Bayrou abre espaço para novas turbulências no cenário político francês, o que pode trazer reflexos para a bolsa de valores local, o câmbio e os títulos de dívida do país. O risco de novas eleições aumenta a percepção de incerteza e pode gerar volatilidade nos próximos pregões.
Na segunda-feira (08/09), o índice CAC 40 (EU:PX1) encerrou em alta de 0,78%, aos 7.734,84 pontos, mesmo em meio às incertezas políticas. Já a moeda europeia mostrou valorização: a paridade Euro e Dólar (FX:EURUSD) subiu 0,0048, cotada a 1,1761, enquanto a paridade Euro e Real (FX:EURBRL) avançou 0,0323, negociada a 6,3735.