Diretor da Sports Value aponta que proposta de R$ 6,4 bilhões em 10 anos pode subestimar potencial do clube e depender de caixa próprio para cumprir metas.

O Fluminense vive um momento de transformações profundas com a proposta de criação da SAF (Sociedade Anônima do Futebol), que prevê a venda de 65% do clube para investidores liderados pela Lazuli Partners e LZ Sports. A operação inclui aporte inicial de R$ 500 milhões, assunção de dívida de R$ 871 milhões e investimentos totais projetados de até R$ 6,4 bilhões em uma década.

Enquanto o clube se prepara para disputar fases decisivas da Copa do Brasil, Sul-Americana e Campeonato Brasileiro, o debate sobre o valor real da SAF ganha força no mercado. Especialistas apontam que a avaliação feita pelo clube pode não refletir seu verdadeiro potencial econômico e esportivo.

Em entrevista ao jornalista Jorge Priori, do Monitor Mercantil, Amir Somoggi, diretor da Sports Value, comentou que o Fluminense estaria subvalorizado, com valor de mercado estimado em R$ 2,2 bilhões, o que elevaria os 66% vendidos para cerca de R$ 1,3 bilhão, acima do valor atualmente negociado.

O executivo alerta que boa parte do montante prometido de R$ 6,4 bilhões para 10 anos poderia, na prática, sair do próprio caixa do clube, já que o Fluminense possui uma receita anual sólida, com R$ 684 milhões em 2024 e expectativa de manutenção em 2025, incluindo participação no Mundial de Clubes.

Somoggi ressalta que, se o clube sozinho pode gerar R$ 6 bilhões em uma década, a SAF deveria buscar um aporte ainda maior, de até R$ 10 bilhões, para que os investidores externos realmente agregassem capital novo e garantissem crescimento sustentável.

O diretor também comentou sobre os riscos de superestimar os números: “É muito fácil falar em valores bilionários, quando na verdade grande parte vem da receita interna. O clube foi avaliado por baixo, e o dinheiro prometido vai sair do seu próprio caixa.”

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A proposta prevê que o aporte inicial de R$ 500 milhões seja pago em duas parcelas de R$ 250 milhões nos primeiros dois anos, enquanto a dívida de R$ 871 milhões seria integralmente assumida pelos investidores, elevando o valor implícito da operação para cerca de R$ 1,37 bilhão.

A participação adquirida pelos investidores pode variar dependendo da redução da dívida antes do fechamento da negociação, oferecendo flexibilidade para o planejamento financeiro da SAF.

Além disso, o projeto prevê que o fundo administre o futebol masculino, feminino, categorias de base e futsal, enquanto a associação manterá imóveis, Laranjeiras e parte do controle estratégico do clube.

Especialistas apontam que a operação representa um marco de modernização, mas também requer atenção à governança, transparência e comprometimento financeiro para não comprometer a sustentabilidade da SAF.

Com o debate acalorado, sócios e conselheiros terão papel crucial na aprovação final da proposta, que pode definir o futuro financeiro e esportivo do Fluminense pelos próximos dez anos.

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