Solicitar um visto para os Estados Unidos ficou mais caro e também mais burocrático. As mudanças, que passam a valer a partir desta terça-feira (02/09), fazem parte de um pacote aprovado pelo governo de Donald Trump e atingem diretamente turistas, estudantes e profissionais que desejam entrar no país — tanto quem pretende solicitar o documento pela primeira vez quanto quem busca apenas a renovação.
Na prática, a novidade exige planejamento redobrado, já que as alterações podem aumentar o tempo de espera para agendamento.
Mudanças
As mudanças são basicamente duas. A primeira é a criação da chamada “taxa de integridade de visto”, que eleva o custo do processo para mais de US$ 420. A segunda está ligada à obrigatoriedade de entrevistas presenciais. Antes, menores de 13 anos e maiores de 80 não precisavam comparecer ao consulado; agora, a exigência se amplia.
Entrevistas presenciais.
Todas as pessoas que solicitarem vistos de não imigrante pela primeira vez deverão passar por entrevista com um oficial consular.
Quem está isento de entrevista
Ficam dispensados candidatos aos vistos A-1, A-2, C-3 (exceto empregados domésticos), do G-1 ao G-4, Nato-1 ao Nato-6 e Tecro E-1, além de diplomáticos ou solicitantes de vistos oficiais. Já quem busca renovar vistos B1 (negócios), B2 (turismo) ou B1/B2 (misto) pode se enquadrar em critérios de isenção, desde que:
- o visto ainda esteja válido ou tenha expirado há menos de 12 meses;
- o solicitante tenha 18 anos ou mais;
- o pedido seja feito em seu país de nacionalidade ou residência;
- nunca tenha tido um visto recusado (a menos que a recusa tenha sido anulada);
- não haja inelegibilidade aparente ou potencial.
O Departamento de Estado norte-americano, entretanto, deixa claro que pode exigir entrevista presencial a qualquer momento, mesmo quando o candidato atende aos requisitos de isenção.
Passo a passo do processo
O primeiro passo é definir o tipo de visto necessário. O mais comum é o B1/B2, destinado a turistas, mas existem diversas categorias descritas no site oficial da embaixada. A maioria dos vistos exige o preenchimento do formulário DS-160, em inglês, que deve ser respondido com atenção, já que erros podem resultar em reagendamento.
Após isso, o solicitante deve pagar a taxa, agendar a coleta de digitais e fotos no Centro de Solicitação de Visto, além da entrevista no consulado. As informações fornecidas durante o agendamento definem se o candidato poderá ou não ser dispensado da entrevista.
Como funciona a entrevista
A entrevista é conduzida em português e dura, em média, cinco minutos. O cônsul faz perguntas para confirmar os dados do formulário DS-160 e avaliar o perfil do viajante. Caso o solicitante tenha informado domínio avançado de inglês, é possível que seja testado no idioma.
Especialistas aconselham que as respostas sejam objetivas e que o candidato leve documentos como passaporte válido, confirmações do formulário e do agendamento, além de comprovantes de renda, vínculo empregatício e até certidões, caso sejam solicitados.
Quanto custa agora
O valor da taxa para emissão de visto permanece em US$ 185 (cerca de R$ 1.006), mas agora é somada a uma nova cobrança: a Visa Integrity Fee, de US$ 250 (cerca de R$ 1.360). No total, o processo de um visto padrão de não imigrante passa a custar US$ 435, aproximadamente R$ 2.367.
Caso o visto seja negado, o solicitante não paga a nova taxa adicional. A medida está prevista no megaprojeto fiscal de Donald Trump, batizado de One Big Beautiful Bill.
Redes sociais sob análise
Há também a exigência de verificação de redes sociais para vistos das categorias F (estudantes), M (técnico/vocacional) e J (intercâmbio, incluindo pesquisadores e professores). Nesse caso, o solicitante deve deixar o perfil público antes do pedido, permitindo a checagem pelo consulado.
“Obter um visto para os EUA é um privilégio, não um direito”, destaca o comunicado oficial.
O formulário DS-160 agora solicita a lista de nomes de usuário ou perfis utilizados nos últimos cinco anos. Embora a medida não seja obrigatória para vistos de turismo (B2), especialistas alertam que candidatos revisem suas publicações.
Impactos no mercado
As mudanças podem refletir em setores diretamente ligados ao turismo e à educação internacional. Com o aumento de custos e a burocracia extra, é esperado que parte da demanda por viagens aos Estados Unidos seja reduzida, o que pode impactar o setor aéreo, companhias de turismo listadas em bolsas de valores e até instituições educacionais que recebem estrangeiros. Para o mercado financeiro, a medida adiciona incerteza ao segmento de viagens internacionais e pode trazer reflexos sobre ações dessas empresas.
Embora não haja cotações anexadas a este material, o endurecimento das regras para vistos norte-americanos se soma a um cenário global de maior seletividade em fluxos migratórios, o que costuma gerar debates sobre mobilidade internacional, consumo no setor de turismo e impacto sobre receitas de companhias listadas em bolsas de valores.