Segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), 73,8% das exportações brasileiras direcionadas ao mercado norte-americano seguem sujeitas a tarifas adicionais, mesmo após a atualização do anexo de exceções publicada pela Casa Branca.

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Atualmente, são 6.033 produtos sobretaxados, abrangendo setores diversos da economia. Antes da revisão da lista de isenções, o número chegava a 6.037, o que representava 77,8% do total exportado pelo Brasil para os Estados Unidos.

A exclusão de 39 produtos das tarifas recíprocas trouxe algum alívio, incluindo minerais críticos, químicos industriais e metais preciosos e de base. Também foram retirados itens como resinas, silicones e produtos de cobre, antes enquadrados na tarifa da Seção 232. Do conjunto de produtos agora livres de sobretaxa, 13 foram exportados pelo Brasil em 2024, totalizando US$ 1,7 bilhão (4,1% do total exportado aos Estados Unidos).

Entre esses 13, três produtos passam a ser totalmente isentos de tarifas adicionais — dois tipos de pastas químicas de madeira conífera e não conífera, além do ferroníquel. Já outros dez itens, que antes estavam sujeitos a tarifa de 50%, permanecem agora sob tarifa adicional de 40%.

“Ainda temos uma parcela altíssima da pauta afetada. O cenário reforça a urgência de avançarmos na negociação. Vemos com entusiasmo a sinalização de uma reunião entre Lula e Trump na próxima semana e esperamos que seja o início de uma negociação oficial para reverter esse cenário. A situação que temos hoje não beneficia ninguém”, destaca Ricardo Alban, presidente da CNI.

A nova Ordem Executiva publicada pelo governo norte-americano também retirou 84 códigos da lista de isenções criada em 2 de abril. Desses, 76 correspondem a produtos de cobre. Outros sete referem-se a insumos químicos e plásticos industriais, como hidróxido de alumínio, resinas e silicone. No caso do Brasil, as exportações desses itens somaram US$ 135,1 milhões em 2024, e agora estarão sujeitas a tarifa adicional de 50% (10% recíproca e 40% específica ao Brasil).

Além disso, um código específico passa a ser tributado em 50%, mantendo ainda a incidência sobre conteúdo de aço e alumínio.

Impactos esperados no mercado

A manutenção de tarifas elevadas sobre a maior parte das exportações brasileiras deve pressionar setores industriais e de commodities, gerando impacto sobre a balança comercial. A medida tende a aumentar a volatilidade do câmbio, podendo levar a movimentos defensivos do real frente ao dólar, além de influenciar os juros futuros e o apetite dos investidores por títulos públicos brasileiros.

Embora parte dos produtos tenha sido isentada, o peso das tarifas sobre quase três quartos das exportações brasileiras evidencia a necessidade de avanços diplomáticos. A sinalização de encontro entre Lula e Trump pode trazer expectativas positivas ao mercado, mas os efeitos reais dependerão da evolução das negociações. Para investidores, o tema segue como um dos pontos de atenção no cenário internacional.

(cni)

 

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