A inadimplência das empresas brasileiras atingiu novo recorde em agosto de 2025, com 8,1 milhões de CNPJs negativados — o maior número já registrado desde o início da série histórica da Serasa Experian. O dado confirma uma tendência de alta que vem desde dezembro de 2024, refletindo o cenário desafiador para o crédito corporativo no país.

Além do recorde, o levantamento aponta que o valor médio das dívidas chegou a R$ 24.631,20, representando um avanço de 13,6% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Cada empresa inadimplente acumula, em média, 7,4 débitos em aberto, com valor médio de R$ 3.339,10 por conta não paga.

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Segundo Camila Abdelmalack, economista da Serasa Experian, o problema está diretamente ligado à escassez de crédito e às dificuldades de fluxo de caixa. “As altas taxas de juros deixam a negociação mais cara e mais difícil, assim como um ambiente mais restritivo por conta do volume recorde de inadimplentes, fechando assim um ciclo que complica a recuperação do crédito e a saída da inadimplência por essas empresas”, explica.

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O estudo mostra que os setores de Serviços e Financeiro concentram a maior parte dos casos, com participações de 31,9% e 23,4%, respectivamente. Micro, pequenas e médias empresas são as mais afetadas, somando 7,7 milhões de CNPJs com dívidas em atraso — praticamente todo o universo de empresas inadimplentes do país. Essas companhias acumulam 55,2 milhões de débitos, totalizando R$ 179,8 bilhões.

Em termos regionais, o Sudeste lidera o ranking, com mais de 4,3 milhões de empresas negativadas, seguido pelo Sul (1,3 milhão) e Nordeste (1,2 milhão). São Paulo concentra o maior número de registros, com 2,74 milhões de CNPJs inadimplentes, seguido de Minas Gerais (749,9 mil) e Rio de Janeiro (743,4 mil).

O avanço da inadimplência empresarial acende um alerta para o mercado financeiro brasileiro, podendo pressionar o custo do crédito e a liquidez no curto prazo. Bancos e instituições financeiras tendem a endurecer critérios de concessão, o que impacta diretamente a expansão de negócios e o investimento produtivo — fatores fundamentais para o crescimento econômico.

No cenário atual, em que o mercado acompanha de perto a política monetária do Banco Central e o desempenho do crédito corporativo, a notícia reforça a necessidade de um ambiente mais favorável à renegociação e ao acesso ao crédito, especialmente para micro e pequenas empresas. A inadimplência crescente indica uma fragilidade que pode afetar o desempenho das ações do setor financeiro (BOV:BBDC4 | BOV:ITUB4 | BOV:BBAS3) na bolsa de valores, diante da perspectiva de maior risco e menor rentabilidade com o crédito.

O Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian é um termômetro essencial para entender a saúde financeira do setor produtivo brasileiro. Em meio a um contexto de juros elevados e desaceleração econômica, o dado ganha ainda mais relevância, sinalizando desafios que podem continuar a moldar o comportamento do mercado de crédito e o desempenho da bolsa de valores nos próximos meses.

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