Acordo de delação de Márcio Cruz Meirelles, ex-diretor da Americanas, amplia investigações sobre o rombo contábil de R$ 25 bilhões e reacende incertezas entre investidores; ação AMER3 cai mais de 5% na bolsa de valores nesta terça-feira (07/10).
Americanas (BOV:AMER3) voltou ao centro das atenções do mercado nesta terça-feira (07/10) após a divulgação de que Márcio Cruz Meirelles, ex-diretor estatutário da companhia, firmou acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF). As informações, divulgadas pela Folha de S.Paulo, apontam que Meirelles detalhou a cultura interna de pressão por resultados e o início das manobras contábeis fraudulentas que culminaram em um rombo bilionário nos balanços da varejista.
Segundo a reportagem, Meirelles é o quarto ex-executivo da Americanas a colaborar com a Justiça, somando-se a Marcelo Nunes, Flávia Carneiro e Fabio Abrate. O conteúdo de sua delação será incorporado à denúncia apresentada pelo MPF em março, que já inclui 13 ex-funcionários e executivos acusados de fraudes de, pelo menos, R$ 22,8 bilhões.
O escândalo da Americanas — revelado em janeiro de 2023 — segue sendo um dos maiores casos corporativos da história recente da bolsa de valores brasileira, abalando a confiança de investidores e levando a companhia a um longo processo de recuperação judicial. O episódio também acendeu alertas sobre governança corporativa e transparência contábil em grandes companhias de capital aberto.
No momento, a Americanas tenta reestruturar suas dívidas e recuperar credibilidade no mercado. Paralelamente, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) mantém abertas diversas investigações sobre a atuação de ex-gestores, entre eles Miguel Gutierrez, ex-CEO da empresa, apontado como o principal responsável pelas fraudes.
Durante o pregão desta terça-feira (07/10), as ações AMER3 recuaram 5,49%, cotadas a R$ 5,68 às 16h21, após abrirem a R$ 6,00 e oscilarem entre R$ 5,62 e R$ 6,00 ao longo do dia. O volume negociado foi de aproximadamente 1,28 milhão de papéis, refletindo a reação negativa dos investidores à notícia da nova delação.
Fundada em 1929, a Americanas S.A. atua no varejo físico e digital brasileiro, controlando marcas como Americanas.com, Submarino e Shoptime. A empresa é uma das maiores do setor de e-commerce no país, competindo com players como Magazine Luiza (BOV:MGLU3), Via (BOV:VIIA3) e Mercado Livre (NASDAQ:MELI).
Com a delação de Meirelles, o caso ganha novos desdobramentos judiciais que podem afetar a percepção do mercado sobre a governança da companhia. Investidores acompanham atentamente cada movimento do processo.