Chega o fim do dia, você termina o seu trabalho e, finalmente, é hora de escolher algo para o passatempo do dia. Mas, entre todas as opções, a maioria delas exige fazer longas viagens, enquanto nas mais próximas, você já se cansou de visitar. Essa é uma vivência bem comum até mesmo em cidades maiores, mas é parte essencial da vida no interior.
Em pequenos municípios, a diversidade de opções é bem reduzida, então recorrer ao entretenimento digital parece algo ainda mais justo. Será esse o principal motivo por trás da constatação de que os habitantes do interior podem apostar o mesmo tanto ou até mais que as populações de capitais? É hora de entender essa história melhor.
Como surgem os novos apostadores?
Os novos apostadores surgem através de um caminho bem comum: geralmente, eles já são fãs de algum esporte e então recebem alguns anúncios de casas de apostas. Mas, é num momento de tempo livre, que a verdadeira conversão acontece. Por que não fazer uma “fézinha” online? Essa é a pergunta que serve como porta de entrada, e a verdade é que esse fenômeno acontece em todo canto do Brasil. Alguns fazem uma aposta e percebem que não é para eles. Outros acabam ficando interessados na ideia de prever o resultado do time favorito usando o dinheiro reservado para isso ou free bets grátis para jogadores que já são registrados.
Segundo uma pesquisa divulgada pelo O Globo em junho de 2025, com 2.000 fãs de futebol de 132 municípios, a distribuição proporcional de apostadores ficou assim:
- Moradores de capitais — 16,3% dizem ter apostado pelo menos uma vez e 3,2% dizem que sempre apostam.
- Moradores de periferia — 14,4% dizem ter apostado pelo menos uma vez e 2,9% que sempre apostam.
- Moradores de interior — 17,3% pelo menos uma vez e 2,9% dizem que sempre apostam.
Analisando os dados com cuidado: quem aposta mais?
Segundo essa pesquisa, os habitantes de pequenas cidades são os líderes entre aqueles que apostaram pelo menos uma vez. Entretanto, os habitantes de capitais venceram quando o assunto é frequência de apostas: 3,2% dizem apostar sempre, contra 2,9% no interior.
Como as próprias conclusões da pesquisa apontam, a maior participação proporcional do público do interior pode revelar questões como ausência de outras opções de lazer nessas regiões. Assim, entrar num site de apostas acaba sendo mais barato que o deslocamento maior para outras opções de entretenimento que possam ir além do comum. Entretanto, por outro lado, a maior frequência de apostas nas capitais pode colocar em cheque esse argumento como o único válido aqui.
É fato que a situação descrita logo na introdução desse artigo é um cenário comum, real e propício para gerar uma maior atratividade inicial das apostas em cidades pequenas. Mas, há de se considerar que, talvez, o público das capitais consiga ter uma renda maior para fazer essas apostas. Além disso, embora a capital ofereça uma diversidade bem maior de shows, cinemas, bares e outras opções de entretenimento, ela também favorece outros aspectos.
Em geral, quando você está numa capital, o incentivo ao consumo é muito mais alto que no interior. Aquilo que muitos chamam de “tentações”, como comida, bebida e outros prazeres da vida, fica muito mais exacerbado. Com isso, a atividade de apostar, que está associada ao prazer, mas infelizmente também é tida injustamente como uma forma de obter dinheiro, acaba sendo ainda mais incentivada.
Considerando mais dados da mesma pesquisa
Ainda na mesma pesquisa, outros dados interessantes foram encontrados. Por exemplo, os mais jovens em torno de 24 anos, assim como a classe C, em contraste com a classe A/B e D/E, dominam tanto entre aqueles que já apostaram pelo menos uma vez quanto em frequência de apostas.
Isso mostra que o desejo de ascender socialmente, como o próprio estudo também levanta, é um fator-chave para atrair mais apostadores. E, evidentemente, isso deve ser tratado com muito cuidado, pois essa mentalidade de que palpites esportivos são uma forma de renda precisa ser diluída, sobretudo agora que eles foram regulamentados no país. É necessária uma reeducação bem robusta da população.
Entre o interior e as capitais, o trabalho deve ser o mesmo
Diante de pesquisas como essa, o Brasil tem uma oportunidade única de compreender que as apostas online atingem a todos os públicos, em todos os locais e perfis. A digitalização já atingiu o interior e, com isso, as bets apenas acompanham esse fluxo.
Nesse momento-chave para o cenário de apostas no país, o trabalho para conscientização e promoção do jogo responsável deve ser incessante, e não há nenhum público-alvo que possa escapar disso. Lembre-se: as apostas devem ser vistas como uma forma de entretenimento, um hobby, e nunca como uma fonte de renda.
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