Operação visa simplificar estrutura societária e retirar o Pan da bolsa de valores; ação BPAC11 encerra estável em R$47,31
Na noite de segunda-feira (14/10), o Banco BTG Pactual S.A. (BOV:BPAC11) comunicou ao mercado uma proposta de incorporação das ações do Banco Pan (BOV:BPAN4), por meio de troca de ações entre as instituições financeiras. A transação, segundo o fato relevante, oferecerá 0,2128 unidade do BTG para cada ação preferencial do Pan, representando um prêmio superior a 30% sobre o valor de mercado atual do ativo BPAN4.
A operação será realizada via Banco Sistema e deverá ser concluída ainda no exercício de 2025. Após a incorporação, o Banco Pan deixará de ser negociado na bolsa de valores, tornando-se uma controlada integral indireta do BTG Pactual.
De acordo com o comunicado, o BTG afirmou que a iniciativa busca “simplificar e otimizar a estrutura administrativa e societária do grupo econômico”, além de aumentar o capital social tanto do Banco Sistema quanto do próprio BTG Pactual.
A incorporação reforça a estratégia de consolidação e eficiência do BTG Pactual no setor financeiro, ampliando o controle sobre o Pan, instituição focada em crédito consignado, financiamento de veículos e serviços digitais. Analistas avaliam que a medida pode gerar sinergias operacionais relevantes e maior rentabilidade para o grupo a médio prazo, reduzindo sobreposições administrativas.
No pregão desta segunda-feira (13/10), as ações BPAC11 encerraram estáveis em R$47,31, enquanto as ações do Banco Pan (BPAN4) também fecharam em R$7,70, refletindo a expectativa de que a operação, ao valorizar o Pan, traga ganhos potenciais aos acionistas minoritários. O mercado deve acompanhar, nas próximas sessões, os desdobramentos regulatórios e o cronograma de aprovação da proposta.
O Banco BTG Pactual S.A. é um dos principais bancos de investimentos da América Latina, com atuação em gestão de fortunas, mercado de capitais e crédito corporativo. Já o Banco Pan é reconhecido por seu foco em crédito ao consumo e produtos financeiros digitais voltados às classes emergentes.
VISÃO DO MERCADO
As ações do Banco Pan (BPAN4) dispararam nesta terça-feira, com alta de mais de 28%, alcançando o maior patamar desde setembro do ano passado. O movimento veio após o BTG Pactual (BPAC11) anunciar proposta de incorporação do banco, no qual já detém 76,9% do capital.
A operação prevê uma troca de ações: para cada ação preferencial do Pan, o investidor receberá 0,2128 units do BTG Pactual. Isso representa um preço de R$ 10,07 por ação, acima de 30% em relação ao fechamento de segunda-feira.
Analistas do Bradesco BBI apontam que o valor pago reflete a expectativa de uma melhora significativa na eficiência operacional e no desempenho do Banco Pan. Segundo eles, a aquisição faz parte de um movimento natural do BTG, com foco na simplificação da estrutura, adoção das melhores práticas do grupo e redução dos custos de captação.
O BTG informou que, após a conclusão da incorporação — sujeita à aprovação de órgãos regulatórios —, o Pan será transformado em uma subsidiária integral indireta e deixará de ser negociado na bolsa. O acordo também inclui o Banco Sistema, controlado pelo BTG.
Para analistas do UBS BB, a operação não foi surpresa. “Em certa medida, já era esperada pelo mercado”, destacaram em relatório a clientes.
Ainda segundo o CFO do BTG, Renato Cohn, em entrevista sobre o balanço do segundo trimestre, o banco sempre teve interesse em aumentar sua participação no Pan, mas a decisão dependia do preço. “Como negócio, vemos o Banco Pan como bastante sinérgico com o BTG”, afirmou.
A equipe do UBS BB avalia que, mesmo sem considerar sinergias, a transação terá efeito neutro sobre o lucro por ação do BTG Pactual em 2026 e não deve impactar significativamente seus índices de capital.
Por volta das 11h05, os papéis PN do Pan subiam 26,36%, negociados a R$ 9,73, após atingir R$ 9,87 na máxima do dia (+28,18%). Já as units do BTG recuavam 1,97%, cotadas a R$ 46,38.
O BTG Pactual iniciou sua participação no Pan em 2011, quando adquiriu 51% das ações ordinárias que pertenciam ao Grupo Sílvio Santos, correspondente a 37,6% do capital social. No mesmo ano, assinou acordo com a Caixapar, compartilhando o controle do banco.
Em 2021, a Caixapar vendeu todas as suas ações para o BTG, que passou a deter 71,7% do capital social e se tornou o único controlador do Pan. Desde então, o banco aumentou sua participação para os atuais 76,9%.