O governo dos Estados Unidos entrou oficialmente em paralisação nesta quarta-feira (01/10), após o Congresso não chegar a um acordo para aprovar o orçamento federal. A medida, conhecida como shutdown, já é a 15ª registrada desde 1981 e reflete mais uma vez o impasse entre democratas e republicanos em torno das prioridades de gastos públicos.
No centro da crise está a saúde pública. Os democratas condicionaram a aprovação do orçamento à prorrogação de programas de assistência médica prestes a expirar, enquanto os republicanos, liderados por Donald Trump, exigem que saúde e orçamento sejam tratados de forma independente. O desacordo ocorreu a pouco mais de um ano das eleições legislativas de 2026, o que amplia a carga política da disputa.
Com o bloqueio de recursos, milhares de funcionários federais serão colocados em licença não remunerada. Outros, responsáveis por serviços considerados essenciais — como segurança, imigração e defesa — seguirão trabalhando, mas também sem receber até a normalização do orçamento. A promessa é de que os salários sejam pagos retroativamente.
O presidente Donald Trump reagiu de maneira agressiva. Em declarações públicas, disse que poderia “fazer coisas ruins e irreversíveis”, como demitir servidores e encerrar programas associados aos democratas. A retórica intensificou a polarização e colocou ainda mais pressão sobre as negociações no Congresso.
As consequências práticas já começam a ser sentidas. A Administração Federal de Aviação (FAA) anunciou que 11 mil funcionários serão afastados, enquanto 13 mil controladores de tráfego continuarão em atividade, mas sem remuneração. O cenário aumenta o risco de atrasos e filas em aeroportos, algo que já ocorreu no shutdown de 2019.
No setor de turismo, atrações icônicas como a Estátua da Liberdade, em Nova York, e o National Mall, em Washington, devem suspender visitas. Parques nacionais e museus federais também correm risco de fechar temporariamente, prejudicando tanto moradores quanto turistas.
Além do impacto no cotidiano, analistas destacam que a paralisação pode atrasar a divulgação de indicadores econômicos importantes, como relatórios de emprego e inflação, aumentando a incerteza nos mercados financeiros. Pequenas empresas que dependem de crédito federal também devem sentir os efeitos da suspensão de operações.
A última paralisação prolongada, ocorrida entre 2018 e 2019, durou 35 dias e custou cerca de US$ 3 bilhões à economia americana. Economistas alertam que, caso o impasse atual se arraste, o efeito pode ser ainda mais prejudicial para a confiança de consumidores e investidores.
Com a pressão aumentando, a expectativa é que democratas e republicanos voltem à mesa de negociações nos próximos dias. Mas, diante do tom adotado por Trump e da proximidade das eleições legislativas, o cenário em Washington segue incerto e turbulento.