Em uma visita marcada por acenos políticos e estratégicos, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a nova primeira-ministra do Japão, Sanae Takaichi, firmaram nesta terça-feira (28/10) um amplo acordo econômico voltado à cooperação em energia nuclear, inteligência artificial e minerais críticos. O pacto, assinado em Tóquio, busca criar uma alternativa ao domínio da China sobre o processamento global desses materiais essenciais para a indústria tecnológica.
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“É uma grande honra estar com você, especialmente tão cedo, já que você será, eu acho, uma das maiores primeiras-ministras”, disse Trump a Takaichi durante o encontro no Palácio de Akasaka. Em resposta, a líder japonesa elogiou os esforços do republicano para resolver conflitos internacionais e prometeu indicá-lo ao Prêmio Nobel da Paz, segundo comunicado da Casa Branca.
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O pacote econômico prevê que Tóquio destine 550 bilhões de dólares (cerca de R$ 2,9 trilhões) em investimentos, empréstimos e garantias nos Estados Unidos, em troca de um alívio nas tarifas de importação impostas por Trump. Além disso, os dois países concordaram em acelerar o “desenvolvimento de mercados diversificados, líquidos e justos para minerais críticos e terras raras”, segundo nota oficial da Casa Branca.
A medida é uma resposta direta à dependência global da China, que hoje processa mais de 90% das terras raras do planeta. Embora não cite Pequim nominalmente, o texto sinaliza uma retomada da guerra comercial, após a decisão chinesa de restringir exportações desses minerais estratégicos. Trump já havia manifestado interesse em negociar o fornecimento desses recursos com outros países, incluindo o Brasil, como forma de ampliar a autonomia norte-americana.
O encontro também abordou a energia nuclear como eixo de cooperação. O Japão demonstrou interesse em desenvolver, junto aos EUA, projetos envolvendo reatores de nova geração — como os AP1000 e os pequenos reatores modulares (SMRs) —, o que poderia envolver grandes companhias japonesas, como Mitsubishi Heavy Industries e Toshiba Group. Desde o desastre de Fukushima Daiichi, em 2011, o Japão vinha reduzindo sua dependência nuclear, mas o governo Takaichi planeja reverter essa tendência e retomar o protagonismo do país na exportação de tecnologia energética.
A iniciativa tende a fortalecer empresas japonesas do setor e a impulsionar companhias norte-americanas de mineração e energia que dependem de insumos críticos, podendo influenciar positivamente as ações listadas nas bolsas de valores de ambos os países. No caso do mercado norte-americano, papéis de companhias ligadas ao setor de energia e de mineração podem reagir à perspectiva de novos investimentos e acordos bilaterais.
No contexto atual, em que o mercado global busca reduzir riscos geopolíticos e dependências estratégicas, a parceria entre Washington e Tóquio reforça o reposicionamento das cadeias produtivas globais. O anúncio chega em um momento de sensibilidade para o mercado de commodities e metais raros, que pode reagir com volatilidade diante de possíveis ajustes nas expectativas de oferta e demanda.
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