O governo dos Estados Unidos iniciou nesta quarta-feira (01/10) sua 15ª paralisação desde 1981. A suspensão de serviços federais, resultado da falta de acordo no Congresso sobre o orçamento, pode gerar um custo diário estimado em US$ 400 milhões, o equivalente a R$ 2 bilhões.

Segundo projeções da agência Associated Press, quase 750 mil funcionários federais serão colocados em licença sem remuneração, enquanto outros, ligados a atividades essenciais, continuarão trabalhando sem receber salário até o fim do impasse. A cada dia de paralisação, cresce o impacto sobre a economia americana.

O fechamento do governo interromperá a divulgação de relatórios oficiais, incluindo os dados de emprego de setembro. Também deve paralisar pesquisas científicas financiadas pelo setor público e atrasar o pagamento das tropas americanas, embora militares continuem em serviço.

A situação reacende memórias do shutdown de 2018-2019, o mais longo da história, que durou 35 dias e custou cerca de US$ 3 bilhões. Desta vez, economistas avaliam que os efeitos podem ser ainda mais graves, já que a economia americana lida com inflação elevada, déficits fiscais crescentes e disputas políticas em ano pré-eleitoral.

Donald Trump, em declarações recentes, afirmou que pode usar a paralisação para “fazer coisas irreversíveis”, como cortar programas federais ligados aos democratas e até demitir permanentemente servidores. O discurso adiciona incerteza ao quadro político e gera preocupação entre investidores.

No mercado financeiro, a perspectiva é de maior volatilidade. O atraso na divulgação de indicadores dificulta a atuação do Federal Reserve, que depende de dados para calibrar sua política monetária. Além disso, há expectativa de que os juros futuros e os títulos do Tesouro (Treasuries) sejam diretamente afetados pela falta de clareza econômica.

Setores dependentes de financiamento público também podem sofrer. Pequenas empresas, que utilizam linhas de crédito federais, correm risco de ficar sem acesso a recursos durante a paralisação. Além disso, projetos de infraestrutura e contratos de defesa podem enfrentar atrasos.

Especialistas alertam que, embora os salários de funcionários essenciais sejam pagos retroativamente, o consumo tende a cair durante o shutdown, já que milhares de famílias ficam temporariamente sem renda. Esse efeito em cascata pode reduzir o ritmo da economia em um momento já considerado delicado.

Apesar da pressão, democratas e republicanos seguem distantes de um consenso. O entrave em torno da saúde pública permanece como o principal obstáculo. Sem sinais de acordo imediato, o custo político e econômico da crise pode aumentar rapidamente nos próximos dias.