O euro e o iene caíram pela terceira sessão consecutiva na quarta-feira (8), pressionados pela crescente incerteza política na França e pelas expectativas de gastos fiscais mais agressivos no Japão, que minaram a confiança dos investidores.
Analistas observaram que o crescente déficit orçamentário da França e as políticas de estímulo do Japão estão levando os investidores a exigir prêmios de risco mais altos sobre a dívida pública — uma dinâmica que continua pressionando ambas as moedas.
Os mercados globais permaneceram cautelosos, com as ações caindo e o dólar americano se fortalecendo, enquanto uma paralisação prolongada do governo dos EUA elevou os preços do ouro acima de US$ 4.000 a onça pela primeira vez na história.
Dólar se fortalece com demanda por refúgio seguro
O dólar também encontrou apoio em uma onda de compras em ativos de refúgio, com investidores buscando proteção em meio à turbulência fiscal e política. De acordo com a plataforma de apostas Polymarket, havia apenas 26% de chance de que a paralisação do governo dos EUA terminasse em uma semana.
O índice do dólar americano, que mede o desempenho da moeda em relação a uma cesta de seis principais moedas, subiu 0,30%, atingindo 98,91, seu nível mais alto desde 5 de agosto, depois que o presidente americano Donald Trump ameaçou demissões em massa de funcionários federais em meio ao impasse orçamentário.
A atenção do mercado continua voltada para a próxima ação do Federal Reserve (Fed). Os investidores estão precificando cortes de juros em torno de 110 pontos-base até o final de 2026, praticamente inalterados em relação à semana passada, com 92% de probabilidade de um corte de 25 pontos-base no final deste mês.
O presidente do Federal Reserve Bank de Kansas City, Jeff Schmid, indicou na segunda-feira que não está inclinado a reduzir ainda mais as taxas.
“Com os índices de ações próximos de máximas históricas, os preços do ouro subindo e os spreads de crédito de títulos corporativos muito apertados, o argumento de que a política monetária seja excessivamente restritiva ainda parece bastante frágil”, disse Thierry Wizman, estrategista global de câmbio e taxas do Macquarie Group.
O euro caiu para uma mínima de seis semanas de US$ 1,1607, com queda de 0,38% para US$ 1,1613.
“Embora vejamos o risco de o dólar enfrentar potenciais ventos contrários no ano que vem se a independência do Fed for questionada, atualmente vemos espaço para cobertura de posições vendidas em favor do dólar americano com base na grande quantidade de flexibilização do Fed que já está no preço e dado o cenário de tensões geopolíticas”, disse Jane Foley, estrategista sênior de forex do Rabobank.
Instabilidade política na França, mudanças políticas no Japão
Analistas alertaram que o cenário político francês pode exercer pressão renovada sobre os títulos do governo e o euro, principalmente se os partidos populistas ganharem força em uma possível eleição antecipada. O primeiro-ministro Sébastien Lecornu deve fazer um discurso importante às 4h30 (horário de Brasília) de quarta-feira, o que os investidores esperam que possa trazer clareza.
O dólar americano também avançou para ¥ 152,46, seu nível mais forte desde meados de fevereiro, antes de cair ligeiramente para ¥ 152,40, alta de 0,35% no dia.
No Japão, os investidores estão digerindo as implicações da vitória inesperada de Sanae Takaichi na corrida pela liderança do partido governista. Takaichi, conhecido protegido do falecido Shinzo Abe, deve adotar políticas que estimulem o crescimento por meio do aumento dos gastos fiscais — uma medida que pode dar suporte às ações, mas enfraquecer ainda mais o iene.
Enquanto isso, o dólar neozelandês caiu até 1%, para US$ 0,5739, depois que o Reserve Bank of New Zealand surpreendeu os mercados com um corte de 50 pontos-base na taxa e sinalizou mais flexibilização à frente, citando dados econômicos piores.
“Há uma boa chance de cair abaixo de 57 centavos”, disse Joseph Capurso, chefe de pesquisa cambial, internacional e geoeconômica do Commonwealth Bank of Australia.
O yuan offshore também caiu modestamente, sendo negociado a 7,1506 por dólar, cerca de 0,1% mais fraco que na sessão anterior.
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