Fernando Haddad celebra aprovação da isenção do IR até R$ 5 mil, mas reforça: equilíbrio fiscal depende também da MP que eleva impostos sobre fintechs e apostas.

Após a vitória na Câmara, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu que o projeto de isenção do IR está “ancorado no equilíbrio fiscal”. Segundo ele, o aumento da tributação sobre os mais ricos é suficiente para compensar a perda de arrecadação.

No entanto, Haddad reconheceu que a equipe econômica trabalha em paralelo para aprovar a Medida Provisória que eleva impostos sobre fintechs, apostas online, LCIs, LCAs e criptoativos. A MP, que já está em vigor, precisa ser votada até outubro para não perder validade.

A previsão é que a medida traga R$ 21 bilhões em 2026, ano em que o governo pretende manter a meta de superávit primário de 0,25% do PIB. Analistas, porém, avaliam que o esforço necessário para atingir esse objetivo é bem maior.

A Instituição Fiscal Independente do Senado estima que o governo precisará de R$ 80 bilhões em medidas adicionais para cumprir a meta. Isso abre espaço para novos ajustes e pressiona a base política de Lula.

Mesmo assim, Haddad se mostrou confiante. “O que vimos na votação da Câmara mostra que é possível construir consensos. A unanimidade fortalece a agenda de justiça tributária”, disse o ministro.

Ainda assim, setores produtivos criticam a estratégia, afirmando que o aumento de impostos em ano eleitoral pode frear investimentos e prejudicar o crescimento.

O clima no mercado financeiro é de cautela. Embora a ampliação da isenção seja bem recebida pelo impacto positivo no consumo, há dúvidas sobre a sustentabilidade fiscal no médio prazo.