O cenário inflacionário no atacado e no consumo mostrou uma trégua em outubro. O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) recuou 0,36% no mês, uma inversão completa do movimento de setembro, quando o índice havia subido 0,42%. Esse resultado negativo leva o indicador a um acumulado de -1,30% no ano e a uma alta de 0,92% no período de doze meses. A comparação com outubro do ano passado é ainda mais otimista, quando o IGP-M registrou uma alta mensal de 1,52% e um acumulado em 12 meses de 5,59%.
Quer ficar bem informado? Acesse o canal da ADVFN News [ grátis ]
A explicação para essa mudança de rota veio de duas frentes principais, conforme detalhou o especialista. “Em outubro, os preços ao produtor foram impactados pela queda de matérias-primas brutas agropecuárias de peso, como leite in natura, café em grão, soja em grão e bovinos. Já os preços ao consumidor registraram forte desaceleração, influenciada principalmente pelo grupo Habitação, com redução nas tarifas de energia elétrica residencial decorrente da mudança da bandeira tarifária, que passou de vermelha patamar 2 para vermelha patamar 1. O INCC manteve ritmo de aceleração semelhante ao de setembro, com destaque para a reversão da trajetória de queda nos preços de materiais para estrutura, especialmente aqueles feitos de materiais metálicos, como vergalhões e arames de aço ao carbono.”, afirma Matheus Dias, economista do FGV IBRE.
⚠️ Cadastre-se gratuitamente na ADVFN para obter notícias, cotações em tempo real,
gráficos interativos, fluxo de opções ao vivo e muito mais.[ Cadastre-se grátis ]
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que tem o maior peso no IGP-M, foi o principal responsável pelo recuo geral, registrando uma deflação de 0,59% em outubro. O mês anterior havia fechado com alta de 0,49%. O mergulho foi mais intenso no estágio de Matérias-Primas Brutas, que caiu 1,41%. Por outro lado, os preços de Bens Finais, que chegam ao consumidor, continuaram em trajetória de alta, subindo 0,39%.
Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) desacelerou, subindo apenas 0,16% contra 0,25% em setembro. O grande vilão da inflação no mês anterior, o grupo Habitação, foi o herói de outubro: sua taxa despencou de 1,14% para apenas 0,04%, puxada pela queda nas tarifas de energia. Em contrapartida, sete das oito classes de despesa tiveram aceleração, com destaque para Vestuário, que saiu de -0,15% para 0,58%.
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) manteve seu ritmo, repetindo a alta de 0,21% de setembro. A composição, porém, mudou: o custo de Materiais e Equipamentos reverteu a queda anterior e subiu 0,29%, enquanto a Mão de Obra desacelerou significativamente, de 0,54% para 0,13%.
Impactos no Mercado Financeiro
Uma notícia como essa, mostrando uma pressão inflacionária mais amena, é recebida com alívio pelo mercado. A queda no IGP-M, especialmente influenciada por itens voláteis, pode dar mais conforto ao Banco Central na condução da política de juros. No câmbio, um ambiente de inflação doméstica controlada pode ajudar a conter pressões desvalorizativas sobre o Real. Para os títulos de renda fixa atrelados à inflação, como as NTN-Bs, um IGP-M mais fraco pode moderar os rendimentos, tornando-os menos atraentes no curto prazo em comparação com títulos prefixados, caso o cenário se consolide.
Contexto de Mercado e Relevância
O IGP-M é um termômetro crucial da inflação, especialmente para contratos de aluguel e alguns preços administrados. Um resultado negativo, como o de outubro, reforça a percepção de um ambiente inflacionário sob controle no atacado, o que é um vento favorável para os investimentos de risco. Para a bolsa de valores brasileira (BOV:IBOV), notícias de inflação doméstica contida podem ser um estímulo, pois afastam o espectro de novos aperto monetários e sustentam as projeções de crescimento econômico, criando um cenário mais propício para o apreçamento de ações.
(fgv)
Siga-nos nas redes sociais