O Índice de Preços ao Produtor (IPP), que mede a variação dos preços na “porta de fábrica” das indústrias extrativas e de transformação, voltou a registrar queda em agosto de 2025. Os preços industriais caíram -0,20% em relação a julho, marcando o sétimo resultado negativo consecutivo. Entre as 24 atividades pesquisadas, metade apresentou redução de preços, refletindo um cenário de desaceleração nos custos industriais. No acumulado do ano, a variação é de -3,62%, enquanto em 12 meses o indicador registra leve alta de 0,48%. Em agosto de 2024, o IPP havia mostrado elevação mensal de 0,66%.
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As maiores quedas vieram de perfumaria, sabões e produtos de limpeza (-1,66%), madeira (-1,59%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-1,59%) e papel e celulose (-1,42%). O setor de alimentos, mais uma vez, teve o maior impacto negativo no resultado geral, respondendo por -0,11 ponto percentual (p.p.) na variação de -0,20%. Também contribuíram para a retração os segmentos de outros produtos químicos (-0,08 p.p.), indústrias extrativas (-0,06 p.p.) e papel e celulose (-0,04 p.p.).
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O IPP acumulado no ano atingiu -3,62% em agosto, contrastando com o avanço de 4,82% observado no mesmo período de 2024. Este é o segundo menor resultado já registrado para um mês de agosto desde o início da série histórica, em 2014. As maiores variações no acumulado anual ocorreram nas indústrias extrativas (-13,99%), metalurgia (-11,50%), impressão (8,62%) e madeira (-7,99%). No acumulado em 12 meses, o índice desacelerou para 0,48%, após ter alcançado 1,35% em julho.
Entre as grandes categorias econômicas, os bens de capital registraram alta de 0,38% em agosto, enquanto os bens intermediários caíram -0,14% e os bens de consumo -0,40%. Dentro dessa última categoria, os bens de consumo duráveis subiram 0,27%, mas os semiduráveis e não duráveis recuaram -0,53%. A influência mais significativa veio dos bens de consumo, que responderam por -0,15 p.p. da variação total do IPP.
O setor de indústrias extrativas voltou a apresentar desempenho negativo após dois meses de alta, com queda de -1,39% frente a julho. O recuo foi impulsionado pela desvalorização de “gás natural, liquefeito ou no estado gasoso” e “óleos brutos de petróleo”, acompanhando a tendência internacional. Ainda assim, os produtos relacionados ao minério de ferro ajudaram a conter parte das perdas. No acumulado do ano, o segmento já recua 13,99%, o pior desempenho desde 2015.
O setor de alimentos, por sua vez, caiu -0,44% em agosto, acumulando -7,55% no ano e alta de 1,45% em 12 meses. Entre os principais produtos, as carnes de aves e o café torrado apresentaram quedas de preços, enquanto o óleo de soja em bruto e o açúcar VHP registraram avanços, refletindo oscilações sazonais e de demanda. O setor foi o que mais influenciou o resultado geral do IPP, com -0,11 p.p. no mês e -1,94 p.p. no acumulado anual.
O segmento de papel e celulose recuou -1,42%, com retração acumulada de -0,52% no ano e queda de -6,82% em 12 meses. A desvalorização da celulose no mercado internacional segue pressionando os preços domésticos, sendo decisiva para o resultado setorial.
Já o refino de petróleo e biocombustíveis apresentou alta de 0,41% em agosto, a segunda consecutiva. Apesar disso, o acumulado no ano segue negativo em -4,83%, e em 12 meses a queda chega a -4,98%. O setor permanece como o principal destaque de baixa no acumulado em 12 meses, com -0,51 p.p. de influência no IPP geral.
O setor químico também registrou queda (-0,93%), influenciado por menores preços de fertilizantes e defensivos agrícolas, reflexo da desvalorização do dólar e da menor demanda para recomposição de estoques. No ano, acumula -0,26%, enquanto em 12 meses o avanço é discreto, de 0,28%.
Na metalurgia, os preços caíram -0,58% em agosto, oitavo resultado negativo seguido. O setor acumula retração de 11,50% no ano, sendo uma das principais influências negativas no IPP (-0,80 p.p.). O excesso de oferta de aço no mercado interno, o aumento das importações chinesas e a queda da demanda externa — agravada pelas tarifas norte-americanas — seguem pressionando o setor.
Entre os destaques positivos, o setor de veículos automotores teve alta de 0,23% no mês, acumulando 1,55% no ano e 3,74% em 12 meses. Com forte peso no IPP (7,75%), o setor foi a quarta maior influência positiva no acumulado em 12 meses (0,28 p.p.), sustentado principalmente pelos preços de automóveis e caminhões-tratores.
No contexto atual, o resultado negativo do IPP reforça a tendência de desaceleração dos preços ao produtor e pode refletir sobre as expectativas de inflação e os rendimentos dos títulos públicos. A continuidade dessa trajetória pode aliviar pressões inflacionárias de médio prazo, influenciando também o comportamento dos juros futuros (BMF:DI1FUT) e o câmbio (FX:USDBRL).
(ibge)
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