Banco norte-americano reduziu preço-alvo das ações do Assaí (ASAI3) de R$ 11,50 para R$ 8,50 e vê cenário mais difícil para o crescimento da receita até 2026, pressionado por inflação de alimentos menor e consumo mais fraco.

As ações do Assaí (BOV:ASAI3) registram forte queda na bolsa de valores brasileira (B3) nesta quarta-feira, após o JPMorgan rebaixar a recomendação dos papéis de neutro para venda. O banco também cortou o preço-alvo de R$ 11,50 para R$ 8,50, citando projeções mais desafiadoras para o crescimento da receita líquida e do lucro da varejista atacadista até 2026.

Por volta das 16h, os papéis caíam 6,85%, cotados a R$ 7,89, acumulando perdas superiores a 10% apenas em outubro, ainda que mantenham valorização de cerca de 57% no ano.

Segundo o relatório, o Assaí enfrenta uma deterioração constante nas tendências de vendas do varejo alimentar, em meio à desaceleração da inflação de alimentos e à resistência dos consumidores a promoções — um cenário que limita o potencial de aumento de volumes e margens. O JPMorgan prevê risco de SSS (vendas mesmas lojas) negativas no primeiro semestre de 2026, com margens pressionadas mesmo diante de iniciativas de eficiência.

O banco também cortou suas estimativas de vendas, EBITDA e lucro por ação (EPS) para 2026 em 7%, 9% e 34%, respectivamente. Apesar da previsão de redução gradual do endividamento, o ritmo deve ser mais lento que o inicialmente esperado, com níveis de alavancagem ainda restritivos, o que limita a capacidade de expansão e as promoções em um mercado altamente competitivo.

A inflação de alimentos deve seguir em queda até meados de 2026, atingindo níveis de um dígito baixo e reduzindo o espaço para alavancagem operacional. Segundo o JPMorgan, a produtividade das lojas pode cair, já que o aumento de volume tende a ser limitado. A margem EBITDA ajustada é projetada em 7,5% para 2026, ligeiramente menor do que a atual.

O relatório ainda ressalta que o Assaí (ASAI3) negocia atualmente a 15x o P/L IFRS 16 para 2026 e 9x para 2027, múltiplos considerados elevados em relação ao varejo brasileiro, avaliado em média em 9,5x.

No pregão desta quarta-feira (22/10), o papel abriu a R$ 8,20, atingiu máxima de R$ 8,20 e mínima de R$ 7,83, com volume negociado superior a 36 milhões de ações. A faixa de 52 semanas vai de R$ 5,05 a R$ 12,04, o que mostra a volatilidade recente dos papéis.

A Sendas Distribuidora S.A., dona da marca Assaí Atacadista, é uma das maiores redes de atacarejo do Brasil, com mais de 300 lojas em operação. O grupo atua fortemente no segmento de varejo alimentar, competindo com redes como Atacadão (do Grupo Carrefour Brasil) e Maxxi (do Grupo Big).

Com o rebaixamento do JPMorgan, o mercado passa a monitorar de perto os próximos passos da companhia e eventuais revisões de guidance.