O mercado livre de energia no Brasil atravessa um ano desafiador, com uma forte retração nas negociações. Segundo dados do Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia (BBCE), plataforma eletrônica responsável por boa parte das transações no setor, o volume de energia negociada entre janeiro e setembro despencou 37,2% na comparação anual, totalizando 307,341 terawatts-hora (TWh).
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A principal razão para a queda, segundo analistas da BBCE, está nas restrições de crédito, que reduziram o apetite de compradores e vendedores, além das mudanças estruturais na matriz elétrica, especialmente com o avanço da geração solar, que tem aumentado a volatilidade diária nas cotações. “O volume de energia negociada em contratos no mercado livre no Brasil despencou quase 40% neste ano, com negociantes inibidos por restrições de crédito e ainda tentando entender como operar diante de mudanças estruturais da matriz elétrica que incluem a geração solar, causa de forte volatilidade diária nas cotações”, analisou o BBCE.
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Apesar do recuo expressivo em volume, o valor financeiro total das transações caiu apenas 3%, alcançando R$ 70,1 bilhões no período. O motivo foi o aumento dos preços médios da energia, que ajudou a sustentar o faturamento do setor, mesmo diante da redução da liquidez.
Essa desaceleração traz impactos relevantes para o mercado de energia e para a bolsa de valores (BOV), já que empresas do setor elétrico listadas na B3 tendem a refletir em seus preços as oscilações de contratos no ambiente livre. A menor negociação pode pressionar a margem de comercializadoras e impactar as expectativas de crescimento das companhias integradas do setor.
No cenário macroeconômico, a queda nas negociações também pode influenciar o mercado de títulos públicos e cambial, já que o setor elétrico é um dos principais demandantes de crédito corporativo. Em momentos de maior incerteza e redução de liquidez, tende a haver maior aversão ao risco e busca por ativos mais seguros, o que pode favorecer a valorização do dólar (FX:USDBRL) e pressionar as taxas futuras de juros (BMF:DI1FUT).
Mesmo sem uma cotação direta associada à BBCE, o cenário atual reforça a importância do acompanhamento das empresas de energia listadas na B3 (BOV) e dos contratos futuros de energia no mercado BMF, que podem reagir conforme a percepção de recuperação ou agravamento do setor nos próximos meses.
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