Minério de ferro recua em Dalian e Cingapura. Vale (BOV:VALE3) sobe na B3, impulsionada por demanda global.
São Paulo, 20 de outubro de 2025 – O mercado de minério de ferro abriu a semana sob pressão, com os preços da commodity registrando nova queda, influenciados por preocupações com a demanda chinesa e incertezas macroeconômicas globais. Na Bolsa de Dalian (DCE), o contrato de minério de ferro mais negociado, com entrega para janeiro de 2026, abriu a US$ 108,31 por tonelada, atingiu máxima de US$ 108,45, mínima de US$ 107,54, e fechou a US$ 107,68 por tonelada, equivalente a 767 iuanes, com desvalorização de US$ 0,63 ou -0,58%. Essa queda, que levou o preço à mínima de sete semanas, reflete dados econômicos decepcionantes da China, maior consumidora mundial da commodity, e tensões comerciais com os Estados Unidos, que pesam sobre o sentimento do mercado.
Na Bolsa de Cingapura (SGX), o contrato de minério de ferro com entrega para novembro seguiu a mesma tendência, encerrando a US$ 103,45 por tonelada, após abrir a US$ 103,92, tocar máxima de US$ 104,10 e mínima de US$ 103,25 – o menor nível desde 9 de outubro. A variação negativa de US$ 0,47 ou -0,45% reforça a percepção de um mercado cauteloso, com investidores monitorando a desaceleração no setor imobiliário chinês e a demanda por aço, que em setembro ficou abaixo das projeções, segundo a Mysteel. Esses fatores, combinados com a perspectiva de produção de aço bruto em níveis baixos até o final de 2025, mantêm o minério sob pressão, embora analistas da Macquarie prevejam uma recuperação para US$ 115 por tonelada em 2026, caso estímulos chineses sejam implementados.
No Brasil, a Vale (BOV:VALE3), maior produtora de minério de ferro do mundo, demonstrou resiliência frente à queda da commodity. Na B3, as ações ordinárias da companhia fecharam a R$ 60,87, alta de R$ 0,74 ou +1,23%, após abrir a R$ 60,85, atingir máxima de R$ 60,90 e mínima de R$ 60,14, com volume de 17,8 milhões de unidades. Esse desempenho positivo reflete a confiança do mercado na diversificação da Vale, com aumento de produção de pelotas premium e investimentos em descarbonização, que atraem investidores institucionais, mesmo em um cenário de preços mais baixos do minério.
Nos Estados Unidos, os ADRs da Vale (NYSE:VALE) também registraram ganhos, fechando a US$ 11,38, com valorização de US$ 0,28 ou +2,52%. O papel abriu a US$ 11,37, alcançou máxima de US$ 11,38 e mínima de US$ 11,37, com volume de 34,7 milhões de unidades. A alta na NYSE reflete o otimismo com a estratégia de longo prazo da Vale, que inclui parcerias para projetos de minério de alta qualidade e expansão em mercados como a Europa, onde a demanda por aço sustentável está crescendo.
No cenário internacional, mineradoras de destaque também mostraram desempenhos mistos. Na Austrália, a BHP (ASX:BHP) | (LSE:BHP), segunda maior produtora global de minério de ferro, fechou em alta na Bolsa de Sydney a AUD 56,80, ganho de AUD 1,21 ou +2,18%, após abrir a AUD 56,71, máxima de AUD 56,95 e mínima de AUD 55,97, com volume de 3,9 milhões. Na bolsa londrina, a ação subiu para GBP 2.122,00, alta de GBP 36,00 ou +1,73%, com abertura em GBP 2.124,00, máxima de GBP 2.125,00 e mínima de GBP 2.087,00. A resiliência da BHP reflete sua diversificação em cobre e níquel, que compensam a pressão no minério.
No Reino Unido, a Rio Tinto (LSE:RIO) | (ASX:RIO) também avançou, fechando em GBP 5.130,00, alta de GBP 80,00 ou +1,58%, com abertura em GBP 5.126,00, máxima de GBP 5.128,00 e mínima de GBP 5.084,00, volume de 1,8 milhões. Na Austrália, a ação subiu para AUD 69,40, ganho de AUD 1,38 ou +2,03%, com abertura em AUD 69,04, máxima de AUD 69,50 e mínima de AUD 68,28. A Rio Tinto se beneficia de sua exposição a projetos de minério de ferro de baixo custo na Austrália, mas enfrenta desafios com a desaceleração chinesa.
Na Europa, a ArcelorMittal (EU:MT) | (NYSE:MT), maior produtora de aço do mundo, teve desempenho positivo. Na Euronext, fechou a €33,35, alta de €0,53 ou +1,61%, com abertura em €33,20, máxima de €33,50 e mínima de €33,07, volume de 1,1 milhões. Na NYSE, subiu para US$ 38,69, ganho de US$ 0,21 ou +0,55%, com abertura em US$ 37,94, máxima de US$ 38,83 e mínima de US$ 38,67. A alta reflete a recuperação na demanda por aço na Europa, apesar da pressão sobre os preços do minério.
Nos Estados Unidos, a Cleveland-Cliffs (NYSE:CLF), focada em minério de ferro e aço, registrou forte alta de US$ 16,55, ganho de US$ 3,23 ou +24,25%, após abrir a US$ 16,54, máxima de US$ 16,55 e mínima de US$ 16,18, com volume expressivo de 76,6 milhões. O salto foi impulsionado por resultados trimestrais acima das expectativas e otimismo com a demanda doméstica por aço nos EUA.
No Brasil, a CSN Mineração (BOV:CMIN3) também se destacou, fechando a R$ 5,84, alta de R$ 0,26 ou +4,66%, com abertura em R$ 5,83, máxima de R$ 5,84 e mínima de R$ 5,83, volume de 6,2 milhões. A valorização reflete a retomada de exportações para a Ásia e a redução de custos operacionais, conforme relatório recente da companhia.
Fatores que Influenciaram os Preços do Minério de Ferro e da Vale
- Desaceleração na China: O crescimento econômico do terceiro trimestre da China, estimado em 4,5% pelo Banco Mundial, ficou abaixo das expectativas, impactado pela crise no setor imobiliário, que consome 40% do aço do país.
- Demanda por Aço: A produção de aço bruto na China caiu 1,7% em setembro, segundo a World Steel Association, pressionando os preços do minério de ferro, com estoques elevados nos portos chineses.
- Tensões Comerciais EUA-China: Restrições comerciais impostas pelos EUA sobre insumos industriais chineses aumentaram a incerteza, reduzindo a confiança dos investidores em commodities.
- Resiliência da Vale: A Vale mantém otimismo com a produção de minério de alta qualidade e pelotas premium, com guidance de 340 milhões de toneladas para 2025, além de avanços em descarbonização, atraindo investidores ESG.
O mercado de minério de ferro segue como um termômetro da economia global, com forte impacto no Brasil, onde a Vale representa cerca de 15% do Ibovespa. Apesar da queda dos preços da commodity, a resiliência das ações da Vale e de outras mineradoras reflete a confiança em fundamentos de longo prazo, como a transição para uma economia verde e a demanda por minério de alta qualidade. A volatilidade atual, impulsionada por incertezas na China, exige atenção dos investidores, que podem acompanhar o desempenho em tempo real na Central de Commodities da ADVFN: https://br.advfn.com/commodities.