No dia em que o índice BRC de preços no varejo avançou 1,0% ao ano, o licenciamento de veículos disparou 277,4%. Mercado reage com leve alta no principal índice da bolsa de valores do Reino Unido e atenção reforçada para moedas, juros e cenário fiscal.
Às 01:00 h (GMT) foi divulgado o licenciamento de veículos no Reino Unido (mensal e anual) – leitura muito acima da Projeção e do Resultado Anterior. Ao longo do dia também se conheceu o índice BRC de preços praticados no varejo com resultado aquém da Projeção (1,0% vs 1,6%). O principal índice da bolsa de valores britânica, o FTSE 100, fechou em leve alta (+0,4%) nesta terça-feira (28/10).
Em setembro o Licenciamento de Veículos registrou um avanço de +277,4% na variação mensal, enquanto a variação anual atingiu +13,7% comparado ao mesmo mês do ano anterior — superando claramente o contexto anterior de queda (-40,8%). Essa recuperação robusta mostra um impulso expressivo no setor automotivo britânico. O dado evidencia importante retomada na demanda por automóveis, o que costuma impulsionar o setor automotivo em bolsa e reforçar empresas de componentes e distribuição. Além disso, esse tipo de avanço eleva expectativas sobre consumo interno, ajuda na curva de crescimento econômico e pode fortalecer a libra esterlina frente ao dólar, bem como reduzir aversão ao risco no mercado de ações.
O Índice BRC de preços no varejo anual registrou alta de 1,0% em setembro, abaixo da Projeção de 1,6% e do resultado anterior de 1,4%. Esse descolamento sinaliza que o ritmo de aumento de preços ao consumidor no varejo está moderando mais do que o mercado esperava. Quando a inflação no varejo vem abaixo da expectativa, isso normalmente dá suporte ao mercado de ações — reduzindo o risco de aperto monetário –, favorece títulos do governo (queda nos rendimentos) e pode enfraquecer a moeda local (neste caso, a libra esterlina) se o mercado aumentar expectativas de cortes de juros por parte do Bank of England.
A libra esterlina caiu frente ao dólar e ao euro, pressionada pela cautela com as finanças públicas e pela especulação sobre cortes de juros do Banco da Inglaterra. Os rendimentos dos títulos britânicos (GILTS) recuaram para mínimos de 10 meses, com o rendimento do GILT de 10 anos caindo para cerca de 4,4%. No cenário fiscal, há foco no orçamento de novembro e na primeira revisão da política comercial britânica na World Trade Organization desde o Brexit.
O conjunto dos dados — licenciamento de veículos em forte alta +1.0% no índice BRC de preços no varejo + fortalecimento do setor automotivo + sinais de inflação moderada — ajudou o FTSE 100 a atingir nova máxima histórica (9.696,74 pontos). A combinação de consumo interno ativo e inflação “sob controle” gerou ambiente favorável para a bolsa de valores britânica, mesmo com pressão sobre a libra e expectativa de política monetária mais branda.
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