A paralisação do governo americano, iniciada nesta quarta-feira (01/10), já começa a trazer reflexos concretos na vida da população. Com a falta de acordo no Congresso para aprovar o orçamento federal, a suspensão de serviços atinge desde turistas estrangeiros até cidadãos que dependem de programas sociais.
Um dos setores mais impactados é o da aviação. Segundo a Administração Federal de Aviação (FAA), 11 mil funcionários foram enviados para casa, enquanto 13 mil controladores de tráfego aéreo permanecem em atividade, mas sem receber salário. A situação é ainda mais delicada porque os Estados Unidos já enfrentam déficit de 3.800 controladores, o que aumenta o risco de atrasos e caos nos aeroportos.
As companhias aéreas já alertaram para a possibilidade de filas maiores e voos cancelados nos próximos dias. O episódio remete ao shutdown de 2019, quando Nova York chegou a ter redução no tráfego aéreo por falta de profissionais.
No turismo, parques nacionais, museus e zoológicos federais estão na lista de serviços que podem fechar temporariamente. A Estátua da Liberdade, em Nova York, e o National Mall, em Washington, devem interromper visitas, frustrando milhares de turistas que visitam os EUA nesta época do ano.
Apesar do cenário, alguns serviços essenciais seguirão funcionando. Pagamentos de aposentadorias e benefícios de invalidez continuam garantidos, assim como o funcionamento do Serviço Postal, que não depende do orçamento do Congresso.
Já na segurança, agentes do FBI, da Guarda Nacional e da patrulha de fronteira permanecerão em atividade, ainda que sem remuneração imediata. O Pentágono anunciou que mais da metade de seus 742 mil funcionários civis será afastada, mas os 2 milhões de militares permanecerão em seus postos.
Para a economia, o impacto vai além do turismo e da aviação. A paralisação deve atrasar a publicação de dados oficiais, como o relatório de emprego, amplamente utilizado por investidores para avaliar a saúde da economia. Isso pode gerar volatilidade adicional nos mercados financeiros.
Empresas que dependem de contratos e empréstimos federais também enfrentarão dificuldades. Pequenos negócios podem ser os mais prejudicados, uma vez que linhas de crédito públicas podem ser temporariamente suspensas.
O impasse, segundo analistas, reforça a imagem de instabilidade política nos EUA. Enquanto democratas e republicanos trocam acusações, a população enfrenta as consequências diretas de um bloqueio que parece longe de uma solução rápida.