Shutdown nos EUA já afeta turismo, voos e servidores públicos. Monumento a Washington está fechado, Estátua da Liberdade corre risco de encerrar visitas e aeroportos podem enfrentar atrasos. Impasse entre Trump e democratas mantém governo paralisado pelo 2º dia.
O segundo dia de paralisação do governo americano expôs de forma mais clara os efeitos de um impasse que vai muito além da política em Washington. Sem a aprovação do orçamento federal, serviços públicos essenciais, pontos turísticos e até operações de segurança sofrem consequências, afetando tanto os cidadãos quanto milhões de visitantes que circulam pelo país.
A chamada paralisação do governo, ou shutdown, acontece sempre que o Congresso não chega a um consenso sobre os recursos necessários para manter as atividades federais em funcionamento. Desta vez, o bloqueio atinge a gestão de Donald Trump e já afeta centenas de milhares de funcionários públicos. Muitos foram afastados, enquanto outros seguem trabalhando sem perspectiva de receber salários até que haja acordo.
No centro da crise está a disputa entre democratas e republicanos sobre o financiamento de subsídios ligados ao programa de saúde conhecido como Obamacare. A oposição insiste na renovação imediata, argumentando que milhões de famílias podem ver os custos de planos dispararem. Já a Casa Branca prefere adiar a discussão, defendendo que o orçamento e a saúde sejam tratados separadamente.
Enquanto o debate político se arrasta, o impacto no dia a dia cresce. O Monumento a Washington, um dos símbolos da capital americana, já está fechado. A Estátua da Liberdade, em Nova York, segue aberta, mas pode encerrar visitas a qualquer momento caso faltem recursos. Museus e zoológicos administrados pelo Instituto Smithsonian ainda funcionam, mas apenas até a próxima semana, aumentando a frustração de turistas.
Parques nacionais, que recebem milhões de visitantes anualmente, também estão ameaçados. Embora a administração tente manter o máximo de áreas abertas, serviços básicos já estão comprometidos. Em paralisações anteriores, a falta de funcionários levou a episódios de vandalismo e degradação em locais como Yellowstone e Yosemite.
O setor aéreo é outro diretamente afetado. Segundo a Administração Federal de Aviação (FAA), 11 mil funcionários foram dispensados, enquanto 13 mil controladores continuam nos postos sem remuneração. Companhias aéreas alertam para possíveis atrasos e cancelamentos, já que a agência operava no limite mesmo antes do shutdown.
No campo da segurança, parte significativa do Departamento de Segurança Interna (DHS) foi colocada em licença, mas funções sensíveis como patrulha de fronteira e fiscalização de imigração continuam. No Pentágono, mais da metade dos 742 mil servidores civis está afastada, embora os cerca de 2 milhões de militares sigam em atividade.
Apesar do bloqueio, alguns serviços seguem funcionando. Pagamento de aposentadorias, programas de invalidez e correios não foram interrompidos. Benefícios alimentares ainda estão ativos, mas dependem da duração da crise. Já a Receita Federal e tribunais federais podem enfrentar cortes caso a paralisação se estenda.
A população começa a sentir também efeitos indiretos. Dados econômicos importantes podem ser atrasados, dificultando decisões de investidores e empresas. Pequenos negócios, que dependem de linhas de crédito e licenças federais, enfrentam incertezas. Para analistas, um shutdown prolongado tende a corroer a confiança no governo e a elevar riscos para a economia.
O embate político, no entanto, permanece sem solução à vista. Republicanos acusam os democratas de usar a saúde como “arma política”, enquanto a oposição critica Trump por se recusar a negociar de forma construtiva. Até o momento, não há nova rodada de negociações marcada no Congresso, e o Senado só deve retomar votações no fim de semana.
Esta é a terceira paralisação sob a gestão de Trump, mas a primeira em seu segundo mandato. Pesquisas de opinião mostram um país dividido: parte da população responsabiliza a Casa Branca, enquanto outros culpam o Partido Democrata. A incerteza, porém, é consenso. Para milhões de americanos, cada dia sem acordo significa mais incerteza sobre o futuro imediato.